04 mai 20
Exportações

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ATP volta a levantar a voz contra corte de voos da TAP

É uma espécie de dejá vu. Depois de em 2018 as exportações da região norte terem obrigado a TAP a retomar algumas das rotas que tinha cancelado a partir do Porto, a transportadora aérea volta a apresentar um plano de retoma que concentra em Lisboa toda a operação, com apenas três voos internacionais (Nova Iorque, Londres e Paris) a partir do Porto. As exportações fazem-se a norte e isso exige uma situação mais proporcional, avisou já a ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal.

Embora a TAP argumente que a proposta não passa para já de um de vários documentos de trabalho que antecipa diferentes cenários para a retoma, os alarmes já soaram na região, onde como é sabido se concentra grande parte das empresas exportadoras. A questão foi levantada na edição deste domingo do Jornal de Notícias, juntando avisos de várias entidades.

Para o presidente da ATP, Mário Jorge Machado, “a situação devia ser mais proporcional entre os aeroportos do Porto e de Lisboa. As empresas do Norte recebem muitos clientes e fornecedores do estrangeiro”, avisa, enquanto o presidente da Câmara do Porto diz que “não é preciso explicar que precisamos, na reabertura da economia, de transporte aéreo regular a partir do aeroporto do Porto. A região tem uma taxa de cobertura da balança comercial de 140% e as empresas que impulsionam as exportações necessitam de ligações aéreas para garantir o negócio”, explica Rui Moreira

“A TAP não pode discriminar o Norte, é nesta região que está a força industrial do país. Recebemos milhares de clientes e fornecedores”, nota o presidente da Associação Comercial do Porto, Nuno Botelho, enquanto Emídio Sousa, vice-presidente de Área Metropolitana do Porto, diz não aceitar “que se trate a TAP como uma companhia de Lisboa quando toda a indústria está no norte. Não é de todo compreensível que uma companhia que se diz nacional retome a sua atividade a partir de Lisboa, que é uma região de serviços e turismo”, critica o também presidente da Câmara da Feira.

O encaminhamento para Lisboa das rotas internacionais foi também um decisão da anterior administração da TAP, uma estratégia que viria a ser revertida em 2018 com a chegada dos atuais administradores. Por força das exportações a norte, o novo CEO, Antonoaldo Neves, celebrou nesse ano um protocolo com a ATP e outras quatro associações (AEP, APICCAPS, ACP e ANJE) comprometendo-se logo a retomar algumas das rotas que são importantes para as exportações como os voos directos para Milão, Barcelona e Londres (London City).

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