Bebiana Rocha
À medida que 2025 se aproxima do fim, e face ao relatório de Outono da EURATEX que condensa os resultados do setor têxtil e vestuário europeu no primeiro semestre, a ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal reforça o seu apelo por uma política industrial coerente. A associação sublinha a necessidade de combater os constrangimentos que estão a travar o potencial da indústria têxtil e vestuário (ITV) portuguesa, defendendo medidas que garantam concorrência leal, maior previsibilidade regulatória e apoio concreto às empresas na inovação, digitalização e eficiência energética.
Ana Dinis, diretora-geral da ATP, sublinha que as dificuldades enfrentadas pelas empresas refletem várias décadas de políticas públicas nacionais e europeias desalinhadas. Como exemplo, aponta as exigências crescentes em matéria ambiental, social e de transparência, que contrastam com a assimetria regulatória relativamente aos produtos importados.
Acrescenta ainda a “incoerência e instabilidade das políticas no domínio da energia, fiscalidade e legislação laboral”, fatores que dificultam o planeamento e os investimentos de longo prazo, além da elevada carga burocrática e administrativa.
“O essencial, neste momento, não é olhar apenas para o número de encerramentos numa fotografia de curto prazo, mas sim criar condições que preservem a capacidade produtiva instalada, protejam o emprego qualificado e assegurem um enquadramento de políticas económicas e de mercado que permita às empresas atravessar este ciclo e sair dele mais competitivas”, conclui, sublinhando que a ATP continuará a dialogar com as entidades competentes para que isso aconteça.
Apesar dos desafios, continuam a existir oportunidades no setor, aponta: “têxteis técnicos, funcionais e de segurança (aplicados à mobilidade, saúde, defesa, proteção, indústria, construção e desporto); moda, vestuário e têxteis-lar de gama alta e com elevada sustentabilidade; e novos negócios baseados em circularidade, rastreabilidade, gestão de dados, reciclagem avançada e prolongamento da vida útil das peças”.