08 agosto 25
Economia

Bebiana Rocha

ATP participa em reunião no Ministério da Economia para debater guerra tarifária dos EUA

A ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal marcou presença ontem nas instalações do Ministério da Economia, representada pelo presidente Mário Jorge Machado, que compareceu presencialmente, e pelos representantes Ana Dinis, diretora-geral, e Ricardo Silva, vogal e CEO da Tintex Textiles, que participaram via videoconferência. O encontro reuniu o Governo, com o Ministro da Economia e da Coesão Territorial, Castro Almeida, e o Secretário de Estado João Rui Ferreira, bem como as associações dos setores têxtil, vestuário, couro e calçado.

Participaram também representantes de entidades tuteladas pelo Ministério da Economia, como a AICEP, o IAPMEI e o Banco Português de Fomento, que atuam diretamente junto das empresas. O objetivo principal do encontro foi debater o impacto da guerra tarifária imposta pelos Estados Unidos, iniciada sob a administração de Donald Trump.

Foram analisados os efeitos destas medidas sobre as exportações diretas e indiretas, as repercussões no mercado americano, a incerteza gerada e o consequente desvio do tráfego internacional. Destacou-se ainda a indefinição quanto ao futuro das negociações comerciais com outros países e o respectivo impacto na União Europeia e na indústria de produção na Europa, que acrescenta uma camada de complexidade à já delicada conjuntura do setor.

Durante a reunião, foi igualmente abordado o impacto crescente da ultra fast fashion no mercado europeu e nacional, que tem contribuído para distorções no comércio e na sustentabilidade da indústria têxtil local. Neste contexto, reforçou-se a necessidade urgente de acabar com a regra de minimis da União Europeia, que atualmente permite a entrada de pequenos pacotes isentos de taxas, e de aplicar uma taxa a estes envios que diariamente chegam ao mercado europeu, de forma a proteger a indústria produtiva europeia e combater a concorrência desleal.

Salientou-se ainda a importância das medidas lançadas anteriormente pelo Governo no âmbito do programa “Recuperar Portugal”, que inclui diversas ações promovidas pelo Banco Português de Fomento e pela AICEP. A maioria destas medidas já se encontra em vigor e foi ontem elogiada pelos intervenientes, embora se tenha destacado que algumas, como os seguros de crédito à exportação, ainda aguardam implementação.

Outro ponto relevante abordado foi a necessidade de agilizar os programas de incentivos, sobretudo no que respeita aos prazos dos pedidos de pagamento, visando respostas mais céleres que correspondam às necessidades das empresas. O Ministro da Economia anunciou que está previsto que, a partir de setembro, os prazos de pagamento dos projetos passem a ser rigorosamente cumpridos.

Foi igualmente discutida a possibilidade de avançar com novas medidas por parte do Ministério da Economia, com especial enfoque no reforço dos mecanismos de apoio à internacionalização das empresas.

Em declarações ao T Jornal, a ATP sublinhou a importância de uma monitorização diária dos mercados — tanto nas relações bilaterais entre Portugal e os Estados Unidos, como na dinâmica do mercado europeu e nos desvios de tráfego –, ainda que, até ao momento, não tenham sido anunciadas medidas concretas adicionais.

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