04 junho 25
Eventos

Bebiana Rocha

ATP no 3.º Seminário Técnico de Economia Circular, nos Açores

A ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal esteve, na passada segunda-feira, no 3.º Seminário Técnico de Economia Circular, que decorreu no Faial, Açores, para falar sobre “Gestão de Resíduos Têxteis”. Na sua intervenção, a diretora-geral, Ana Dinis, explorou a promoção da circularidade no setor têxtil e vestuário, sublinhando que “a circularidade exige ação em toda a cadeia” e que as soluções têm de ser integradas — ou seja, as políticas, o mercado e o consumidor têm de atuar em conjunto.

Salientou ainda que existe uma falta de controlo sobre as importações, um défice de reciclagem e uma baixa transparência. A sua apresentação incluiu também um alerta para a necessidade de “regras claras, incentivos adequados, prazos realistas e uma visão da sustentabilidade alinhada com a competitividade”. No final, a representante alertou para a urgência de tornar o reciclado mais competitivo, recorrendo ao investimento tecnológico e a ecotaxas proporcionais.

A sessão começou com uma contextualização da Associação, onde salientou a missão de “unir, representar e defender o setor”, bem como “promover a sua competitividade e desenvolvimento, e valorizá-lo”. Com mais de 500 associados e 60 anos de atividade, a ATP tem como principais áreas de atuação: “representação institucional e lobbying, informação, capacitação e consultoria, promoção e valorização do setor a nível nacional e internacional, e criação de redes de oportunidades de negócio”, enquadrou.

Com a sua intervenção, o público pôde também perceber a dimensão do tecido empresarial, que a União Europeia está inundada de produtos importados e que o ciclo de vida de uma peça é “complexo, com muitos processos e operadores, em geografias distintas”. Ainda no âmbito da sustentabilidade, Ana Dinis falou sobre as principais políticas com impacto na gestão de resíduos têxteis, como o regulamento de ecodesign, o passaporte digital de produto, a diretiva-quadro dos resíduos e a responsabilidade alargada do produtor.

“A visão da ATP para a responsabilidade alargada do produtor passa pela inclusão da ITV na entidade gestora criada, uma vez que é a utilizadora final das fibras recicladas e o motor da circularidade”, defende. Outro dos pontos a ter em conta é que “o consumidor deve conhecer o custo ambiental, e os produtos com menor desempenho circular devem pagar mais”.

“O mercado deve estimular a reciclagem e o uso de reciclado”, acrescenta. Neste terceiro ponto, a ATP considera que devia ser obrigatória a inclusão de fibras recicladas, bem como criados incentivos para baixar o preço das fibras recicladas e priorizar as de origem europeia. Nas sugestões da ATP incluem-se, por último, o apoio ao desenvolvimento de novas tecnologias de reciclagem e a melhoria da qualidade e competitividade das fibras recicladas.

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