09 abril 25
Exportações

Bebiana Rocha

ATP exige uma resposta “rápida, estruturada e com impacto real” face às tarifas dos EUA

A ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal foi ontem ouvida pelo Ministério da Economia, numa reunião com outras associações setoriais, para discutir os efeitos das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos às importações de produtos industriais da União Europeia.

Mário Jorge Machado, presidente, alertou diretamente o Ministro da Economia e o Secretário de Estado da Economia para o potencial impacto destas medidas sobre o sector têxtil e vestuário, exigindo uma resposta “rápida, estruturada e com impacto real, para que as empresas não enfrentem sozinhas os efeitos das medidas”.

O Governo comprometeu-se a apresentar, em breve, um pacote de soluções para mitigar os efeitos destas medidas e apoiar a manutenção da atividade exportadora das empresas nacionais.

Contextualize-se mais uma vez que a imposição de tarifas recíprocas por parte da administração norte-americana levanta sérias preocupações no seio da ITV, que enfrenta um momento delicado. Depois de anos marcados por quebras de consumo e instabilidade nos mercados europeus, o sector vê agora ameaçado um dos seus destinos mais estratégicos, que em 2024 representaram 8% das exportações têxteis portuguesas, num valor total que ascende os 430 milhões de euros.

“Os têxteis-lar – como colchas, roupa de tapetes – representam atualmente 36% das exportações do sector para os EUA, como o vestuário a corresponder já a 42%, resultado de um esforço consistente de promoção e internacionalização”.

Em comunicado enviado esta manhã às redações, a ATP deixa claro que as novas tarifas tornam os produtos portugueses menos competitivos, abrindo espaço a países como Marrocos ou Turquia, que não estão sujeitos ao mesmo nível de penalização.

Sublinha no mesmo documento que as relações comerciais com os EUA foram construídas ao longo de anos e não podem ser substituídas de forma imediata. “As novas tarifas poderão levar ao cancelamento de encomendas e à paragem de atividade, sobretudo nas pequenas e médias empresas mais expostas ao mercado”.

Por último, enfatiza que é urgente reforçar os apoios à internacionalização – “embora Portugal conte com mais de seis mil empresas no sector, apenas uma minoria tem acesso efetivo a programas de promoção externa, ao contrário do que acontece noutros países europeus”.

A ATP compromete-se a acompanhar de perto a evolução do dossiê e a defender junto do Governo e das instituições europeias, a adoção de medidas concretas, céleres e proporcionais ao impacto que se antevê.

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