Bebiana Rocha
“Há risco de desaparecerem elos da fileira, comprometendo uma das maiores vantagens de Portugal: um cluster integrado, geograficamente concentrado, que assegura proximidade, rapidez e flexibilidade”, alerta Mário Jorge Machado, Presidente da ATP, em entrevista à edição de setembro da revista PortugalGlobal.
Ao longo da publicação, o dirigente associativo destaca os principais desafios que o sector enfrenta: custos de produção elevados, retração da procura, instabilidade geopolítica, concorrência das plataformas de ultra fast fashion, sobrecarga regulatória, escala reduzida no caso das PME, acesso limitado a financiamento e incentivos, rigidez laboral e fiscalidade pouco competitiva, entre outros.
Mário Jorge Machado recorda que as empresas podem encontrar apoio na ATP, através da sua intervenção política, da informação económica que disponibiliza, do desenvolvimento de projetos, da promoção internacional e do apoio técnico que presta. Para manter a posição estratégica do sector e reforçar o prestígio do Made in Portugal no exterior, os caminhos apontados passam pela internacionalização, digitalização, formação, sustentabilidade e circularidade.
Consciente desta realidade, a ATP tem procurado trilhar esse caminho com os seus associados, promovendo ações coletivas em feiras e estudos de mercado. Enquanto Presidente da EURATEX, Mário Jorge Machado tem atuado em Bruxelas para garantir que a política industrial europeia reconheça o sector como estratégico e que exista um enquadramento regulatório claro, harmonizado e exequível. Entre as prioridades estão a defesa contra práticas desleais de países terceiros e a simplificação e harmonização regulatória para a transição sustentável e digital.
O dirigente sublinha ainda a importância da colaboração nos dias de hoje, como motor de inovação e criação de produtos com funcionalidades acrescidas. Aponta dois outros desafios cruciais: aproveitar o reshoring se Portugal conseguir reforçar a sua atratividade industrial, e combater a escassez de mão de obra com iniciativas conjuntas com escolas e centros de formação, visando captar jovens e reforçar a qualificação dos trabalhadores já existentes.
“ A competitividade deste sector depende de nos apresentarmos como uma carreira de futuro — tecnológica, criativa e alinhada com os valores de sustentabilidade”, conclui Mário Jorge Machado.