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Se os montantes não forem revistos em alta e os apoios para compensar a escalada de preços da energia não chegarem rapidamente às empresas, o sector têxtil pode colapsar. O alerta foi deixado pela ATP na recente reunião com o ministro da Economia, demonstrando que o apoio de 30% sobre o aumento dos custos de energia e o limite de 400 mil euros por empresa são claramente insuficientes e desajustados face à realidade do sector. A associação que representa os têxteis reclama também a possibilidade de recorrer ao lay-off simplificado para que as empresas possam ajustar a atividade à realidade do mercado.
O encontro teve lugar no final da semana passada e o ministro António Costa e Silva mostrou-se sensibilizado pelos argumentos apresentados pelos dirigentes da ATP. “Ficou claro o impacto desta crise no nosso sector, em particular nalgumas atividades, e do lado da Economia houve alguma abertura para aumentar o apoio às empresas, sendo que será sempre uma negociação difícil com o Ministério das Finanças devido ao potencial impacto no OE”, explica a ATP numa informação sobre o encontro remetida aos seus associados.
Munida de informação concreta sobre o momento que se vive nos vários tipos de empresas, a delegação composta pelo presidente, Mário Jorge Machado, o vice-presidente Rui Teixeira (Felpinter) e a diretora executiva Ana Paula Dinis, forneceu ao ministro quadros com exemplos reais bem demonstrativos da eminência de colapso caso os apoios não sejam revistos em alta e não cheguem rapidamente. As empresas não podem esperar, sublinharam.
Mesmo nos casos de menores consumos, uma empresa que em 2021 pagou 360 mil euros de gás enfrenta este ano uma fatura superior a 1,6 milhões. Ou seja um aumento de mais de 1,2 milhões dos quais apenas 360 mil euros serão cobertos pelos 30% de apoio revisto. Já nos caso dos maiores consumidores – e há bastantes, assegura a ATP – uma fatura que no ano passado foi de 1,4 milhões de euros passa este ano para cerca de 6,5 milhões. Um aumento superior a 5 milhões de euros que só será compensado em cerca de 5% face ao limite de 400 mil euros de apoio para cada empresa.
Um quadro incomportável para as empresas, que faz com que em muitos casos não haja alternativa à paragem da atividade com tudo o que isso representa para o funcionamento de toda a cadeia. Ainda por cima num sector fortemente globalizado, onde os clientes facilmente encontram alternativas de fornecimento em países com um quadro de custos onde não se colocam este tipo de problemas, como lembram os representantes da ATP ao ministro António Costa e Silva.
Além da urgência na chegada dos apoios, da sua revisão em alta e acesso ao lay-off simplificado, os representantes da indústria têxtil deixaram ainda clara a necessidade do estabelecimento de um preço máximo de 30 euro por MWh para o gás natural – tal como Portugal e Espanha já propuseram em Bruxelas – e a alteração da fórmula do cálculo dos preços da eletricidade, que reflita os custos dos fatores de produção e tenha, portanto, em conta o investimento na produção de energias alternativas.
Na nota enviada aos associados, a ATP dá conta de que recebeu a informação de que, “caso não existam questões relevantes de natureza técnica, o aviso para candidatura ao apoio será lançado em breve” e ainda que “durante o mês de maio está prevista a revisão em baixa das tarifas de acesso à rede para a energia elétrica”.