03 setembro 20
Economia

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Associações têxteis em ‘ofensiva’ diplomática junto do Governo

A totalidade da fileira têxtil reuniu esta quarta-feira com o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital e com o secretário de Estado da Economia, para discutir as medidas de apoio às empresas do sector  no contexto da crise económica provocada pela pandemia e para alertar o governo para medidas urgentes de defesa dos postos de trabalho.

Perante uma comitiva cuja representação o ministro Siza Vieira não deixou de assinalar – estiveram na reunião todas as quatro associações representantivas do setor, Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), Associação Nacional dos Indústrias de Lanifícios (ANIL), Associação Nacional das Indústrias de Têxteis-Lar (ANIT-LAR) e Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confecção (ANIVEC/APIV) – o Ministério mostrou grande abertura para ouvir e posteriormente debater no interior do executivo as medidas que o setor considera fundamentais para ultrapassar o contexto de crise.

A mais importante delas tem a ver com a utilização de todos os instrumentos colocados ao dispor das empresas para defender os postos de trabalho e se possível com a criação de novos instrumentos que se dirijam nesse mesmo sentido. A simplificação de procedimentos administrativos foi também colocada em destaque pela fileira têxtil.

O objetivo essencial das propostas é o de manter as empresas num compasso de espera que lhes permita ultrapassar a fase mais profunda crise – que, num cenário por alguns considerado demasiado otimista, deverá suceder no segundo semestre do próximo ano – para alcançar de portas abertas a fase seguinte, de reanimação dos negócios.

A fileira recordou ainda a Siza Vieira e ao secretário de Estado, João Correia Neves, as profundamente negativas consequências para o contexto nacional se, nessa fase de regresso em pleno da atividade económica, as empresas se encontrarem insolventes, próximas da insolvência ou incapazes de colocar em marcha toda a sua capacidade instalada.

É necessário recordar que desde março passado que o consumo de produtos têxteis e vestuário caiu drasticamente de forma generalizada em todo o mundo, afetando toda a cadeia de valor da indústria têxtil e vestuário, situação que apenas poderá mudar quando se verificar o regresso maciço da confiança dos consumidores internacionais e a retoma do poder de compra nos principais mercados de destino das exportações.

Neste contexto são necessárias medidas concretas e eficazes que permitam à indústria têxtil e de vestuário portuguesa ultrapassar os enormes desafios que se avizinham nos próximos meses, para que possamos evitar a perda de milhares de postos de trabalho diretos e indiretos, o encerramento de milhares de empresas, a degradação de um cluster que é único no contexto europeu e a perda da capacidade competitiva que só foi conquistada pelo espírito empreendedor e a férrea resiliência de todas as pessoas que trabalham diariamente nestes sectores de atividade.

Posteriormente ao encontro no Ministério da Economia, a comitiva da fileira têxtil encontrou-se com o primeiro-ministro António Costa, a quem foram oferecidas máscaras sociais, reutilizáveis e certificadas, produzidas em Portugal. A iniciativa visou sensibilizar os órgãos de poder para a importância de promover a sustentabilidade, através da utilização de máscaras têxteis reutilizáveis, bem como a produção nacional.

As máscaras vieram das seguintes empresas: Baptista e Soares; Calvelex, Estamparia Adalberto, Gleba, Couveia & Campos, Lameirinho, Marjomotex II, P&R Têxteis, Pafil, Pedrosa & Rodrigues, Riopele, Samofil, Silsa, Subida, Tintex e TMG.

A indústria têxtil e vestuário portuguesa representa 10% das exportações de bens nacionais 20% do emprego, 11% do VAB, 8% da produção e volume de negócios da indústria transformadora, tendo no ano de 2019 exportado 5,3 mil milhões de euros, faturado 7,7 mil milhões de euros e empregue 138.750 trabalhadores diretos, segundo a ATP.

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