09 outubro 25
Empresas

Bebiana Rocha
Imagem: Mastershot

Aquitex defende uma indústria têxtil mais próxima da ciência

Jorge Faria, sócio-gerente da Aquitex, fez ontem a abertura oficial da The Textile Institute World Conference, que decorre no Porto até amanhã e que reúne especialistas, investigadores e empresas do setor têxtil. Na qualidade de organizador, o empresário deixou uma mensagem de boas-vindas marcada pela valorização da colaboração entre academia e indústria, sublinhando que “a investigação traz competitividade” e que ainda há muito por fazer em termos de criação de valor.

Explicando a motivação da Aquitex para se envolver na organização do evento, Jorge Faria destacou que o objetivo foi precisamente aproximar o conhecimento científico da prática industrial, lembrando que “o segredo para o sucesso reside em combinar a ciência com a prática”. Nesse sentido, defendeu que a investigação e a inovação desenvolvidas pelas universidades devem ser comercializáveis, de modo a gerar impacto real no mercado.

O responsável partilhou também alguns dos projetos de I&D da Aquitex, que visam reduzir o consumo de recursos, nomeadamente de água, tornando os processos produtivos mais sustentáveis. Reforçou ainda que a indústria têxtil tem capacidade para ajudar a apontar o futuro, mas que é necessária uma visão mais holística do setor, que contemple todo o ciclo de vida das peças, incluindo o seu fim de vida.

A digitalização foi outro dos temas em destaque na intervenção, abordada por Jorge Faria como “uma necessidade e não uma tendência” — uma perspetiva que estendeu também à sustentabilidade, reconhecendo que o progresso nesta área tem sido demasiado lento. “Veja-se o exemplo do poliéster reciclado, que ficou muito pelas garrafas de plástico”, referiu, defendendo que é urgente ir mais longe e que a sustentabilidade só será viável se for também rentável, caso contrário “o setor enfrentará dificuldades”.

Para sustentar a sua apresentação, o dirigente trouxe dados ilustrativos sobre os desafios atuais da indústria, desde o volume de roupas incineradas anualmente à produção crescente de fibras e à redução do tempo útil das peças de vestuário.

Jorge Faria terminou a sua intervenção com um apelo à valorização da indústria têxtil, sublinhando que o setor não pode continuar a ser visto como algo de terceiro mundo, e que cabe a todos contribuir para mudar essa perceção, através da inovação, da cooperação e de uma aposta firme no conhecimento.

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