14 outubro 25
Cibersegurança

Bebiana Rocha

AON alerta que modelos tradicionais de gestão de risco estão em perigo

No mês dedicado à sensibilização para a cibersegurança, a AON divulgou o seu mais recente Global Risk Management Survey, um relatório que identifica os riscos que mais preocupam os líderes empresariais. Baseado numa amostra de 3.000 empresários de 60 países, o estudo deste ano reflete a crescente influência da Inteligência Artificial, a fragilidade das cadeias de abastecimento e a aceleração da transformação digital.

No topo das preocupações globais surgem os ciberataques, seguidos pela disrupção do negócio, o abrandamento da economia e a lenta recuperação, mudanças regulatórias, aumento da concorrência, preço dos commodities e escassez de matérias-primas, falhas na cadeia de abastecimento, danos de reputação, volatilidade geopolítica e falta de liquidez.

O relatório sublinha que o mais relevante não é apenas os riscos isoladamente, mas como eles interagem entre si e o impacto que podem ter em múltiplas áreas das empresas. “Os riscos tecnológicos cruzam-se com as dinâmicas da força de trabalho e com os desafios associados à adoção de IA. A instabilidade política afeta as cadeias de abastecimento, influencia o quadro regulatório e repercute-se nos balanços financeiros”, lê-se no estudo.

Para a indústria transformadora, a ordem de prioridade dos riscos difere ligeiramente, com maior atenção à desaceleração económica e à lenta recuperação, aos preços das matérias-primas, às falhas na cadeia de abastecimento ou distribuição e à interrupção da atividade, seguida de perto pelo risco de ciberataques, aumento da concorrência, volatilidade geopolítica, alterações regulamentares, fluxos das taxas de câmbio e responsabilidade sobre os produtos.

A AON explora também como os riscos estão interligados, alertando que o efeito de um pode ser amplificado por outros. O relatório oferece ainda uma visão sobre as mudanças esperadas nos próximos três anos e recomenda ações estratégicas focadas na utilização de dados e análises para orientar decisões, transferir riscos e estabilizar custos.

“As organizações precisam de ir além dos modelos reativos e adotar uma planificação dinâmica, integrada e orientada por cenários”, conclui o estudo. “Os líderes devem reformular o conceito de risco como um motor de criação de valor, incorporando análises baseadas em dados nos processos de decisão.”

Em resumo, o sucesso caberá às empresas que encarem o risco não apenas como um desafio a gerir, mas como um verdadeiro motor de crescimento.

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