16 janeiro 25
Empresas

Bebiana Rocha

António Salgado na Heimtextil com oferta para hotelaria

O grupo António Salgado termina amanhã a sua participação na Heimtextil, onde tem mostrado todo seu potencial de personalização. Ao T Jornal, Rubén Torres, comercial do grupo, fala sobre a incursão da empresa no ramo da hotelaria e faz também um resumo do que podemos encontrar no stand.

Qual é a relação da António Salgado com a JM Rodrigues?

A JM Rodrigues pertence ao grupo António Salgado faz cinco anos agora em janeiro. Pretende-se conciliar competências, histórico, portefólio e clientes de ambas.  Era um revendedor, agora é essencialmente um transformador, de tecidos em edredons, lençóis e outros produtos.

A JM Rodrigues atual não tem nada a ver com os seus 60 anos anteriores. Tem vindo num crescimento contínuo, mesmo com as sucessivas crises – veio o Covid, passado dois anos a guerra na Ucrânia e ano e meio depois a guerra em Israel. Foram anos difíceis para todos, mas sobretudo para uma marca que se estava a reposicionar no mercado.

A participação está a ser feita em conjunto com as restantes marcas do grupo?

Sim, o grupo está a apresentar as suas diferentes marcas: a Season, a Nook, a Portuguesa, o portfolio António Salgado e um catálogo de hotelaria da JM Rodrigues, com vista a chegar a públicos diferentes – para quem procura uma boa relação qualidade-preço, sustentabilidade, modernidade, ou um combinado equilibrado entre estes. Em termos de hotelaria temos um portefólio que mostra a nossa capacidade para equipar desde um alojamento local a um hotel de 5 estrelas. Na Heimtextil podem ainda ver exemplares do passaporte digital de produto.

O que motivou a participação do grupo?

A nossa presença é uma questão de posicionamento. Não se vende propriamente durante a feira, angariam-se contactos. Há novas geografias a que queremos estar atentos, é um momento em que se junta muita gente, de muitas origens.

Que geografias interessam especialmente à empresa?

Todas os mercados são importantes. Os Estados Unidos e a Ásia são interessantes, mas difíceis, daí ser importante estarmos na feira, um sítio onde está toda a gente, para mostrarmos o nosso posicionamento, o nosso gosto pelo detalhe, porque não somos uma empresa de produção massiva.

Tinham muitas reuniões agendas?

Para nós uma feira não começa quando se abrem as portas, é preciso definir a história que vamos contar muito antes, fazer contactos para enchermos o “escritório” o máximo possível. Por isso, tivemos várias reuniões a decorrer.

Como tem sido a expansão do grupo como um todo? Quais são os principais mercados e como estão neste momento?

A expansão segue os tramites normais, diria. Estamos permanentemente alerta para novos mercados, sendo a aposta de hotelaria a mais recente. É um crescimento muito sustentado.

O mercado europeu está com alguns riscos, e infelizmente muito prolongados: é uma pandemia, depois uma guerra, agora os EUA com sinais de instabilidade… A França que é um mercado importantíssimo também está num período turbulento, mas isso combate-se pondo os ovos em vários cestos.

A sazonalidade é um dos motivos pelos quais também faz sentido ao grupo colocar os ovos em vários cestos?

Cada vez mais do ponto de vista real, do clima, existe a tendência no mercado de termos produtos versáteis. Nunca vamos conseguir vender um produto de inverno no pico de verão, mas fazemos coleções cada vez mais versáteis.

Como funcionam as coleções?

Temos três segmentos de mercado: o private label, em que o cliente compra o que escolhe, e depois temos as nossas marcas próprias – a Season, a Nook e a JM Rodrigues – em que o cliente escolhe dentro das nossas duas coleções anuais – primavera-verão e outono-inverno. Nas nossas marcas trabalhamos as coleções conforme a estação em que estamos, em breve virá a primavera-verão. O terceiro segmento de mercado é a hotelaria.

Quais são os desafios do mercado de hotelaria?

A exigência é muito grande do ponto de vista técnico. Não é que o mercado do consumidor normal seja menos exigente, mas aqui há uma luta muito grande por preço. Mesmo em segmentos ditos de luxo não se pense que têm orçamentos a perder de vista para os têxteis. É preciso identificar unidades onde faça sentido, porque temos valor acrescentado.

Como é que a JM Rodrigues se diferencia da concorrência?

Um dos nossos valores, que diria ser interessante, é podermos acomodar bem uma produção que é quase ao nível do private label, de construir a solução. Dizemos “isto é possível, diga-nos se interessa, e se não interessa diga-nos o que é para alterar”. Temos predisposição para construir uma solução, o que faz diferença em termos de mercado.

Não dizemos ao cliente “temos isto”, nós temos abertura para fazer o que o cliente quer. Há um posicionamento de parceria, de desenvolvimento. Na hotelaria isto é uma aposta importante.

Por exemplo as medidas dos lençóis variam conforme a geografia, por isso 90% dos produtos não têm medida no catálogo. Vamos desde o tipo de tecido, ao acabamento, aos bordados, aplicações, aquilo que for necessário.

Por onde passa o futuro dos têxteis?

O futuro passa por mais especialização, por produtos de maior valor acrescentado, para quem pode. A Europa da maneira que está, não consegue competir com os preços asiáticos. O nosso produto tem de valer, não podemos ir com um produto barato para países longínquos, que do ponto de vista logístico já implicam um custo muito grande, porque se encontrarmos barreiras alfandegárias estamos completamente fora de preço.

Acredito que se for o produto certo, junto do cliente certo, mesmo com as taxas alfandegárias funcionará.

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