22 outubro 25
Empresas

Bebiana Rocha

Antiga Casa Pompeu: 80 anos de compromisso com a indústria têxtil

Com mais de 80 anos de experiência ao serviço da indústria têxtil, a Antiga Casa Pompeu é hoje uma parceira essencial na recolha e gestão de materiais industriais, assegurando a sua valorização através de um modelo mais circular. Em declarações ao T Jornal, Manuela Silva, CEO da empresa, confirma esta colaboração duradoura: “inicialmente, focava-se sobretudo na recolha e encaminhamento de excedentes e resíduos. Recentemente, com o desenvolvimento de parcerias artísticas, passámos também a reutilizá-los criativamente”, explica.

Entre os resíduos mais comuns estão plásticos de embalagem, filme, tubos e suportes plásticos, bem como papel e cartão provenientes das linhas de produção e embalamento. A empresa recebe ainda outros materiais, como cones de linha, que deram origem a uma pérgula gigante atualmente em exibição no Mercado do Bolhão.

“Recebemos cerca de 3.500 toneladas de resíduos por mês, o que representa mais de 42 mil toneladas anuais”, sublinha Manuela Silva. Com 120 anos de atividade, duas instalações – uma em Vila Nova de Gaia e outra em Albergaria – e uma equipa de 40 trabalhadores, a Antiga Casa Pompeu assegura serviços de recolha seletiva, triagem, classificação, armazenamento e encaminhamento para reaproveitamento ou reciclagem.

O fluxo de materiais segue um processo estruturado: recolha nas instalações da empresa, transporte para os centros de receção, triagem e classificação, armazenamento temporário e, finalmente, envio para parceiros que os transformam em novos produtos. “Os materiais são encaminhados para recicladores nacionais e internacionais, privilegiando, sempre que possível, circuitos curtos e parceiros locais”, destaca a CEO.

Durante a conversa, abordaram-se também as barreiras à ampliação da circularidade no setor e o papel da responsabilidade alargada do produtor. Para Manuela Silva, “a problemática da reciclagem têxtil reside em diversos fatores: a dificuldade de separação de materiais mistos, a baixa qualidade das fibras resultantes de processos mecânicos, a falta de infraestrutura e investimento em tecnologias avançadas, e a necessidade de uma recolha seletiva eficaz que aumente a pureza e a consistência dos resíduos”.

A CEO aponta ainda a dinâmica da moda rápida como um fator agravante: “o superconsumo e a produção de artigos de baixa qualidade geram volumes massivos de resíduos mais difíceis de reciclar. Para solucionar estes desafios, é necessária uma resposta integrada.” Uma das propostas passa pela criação de uma entidade gestora que organize e torne mais eficiente todo o sistema de recolha, triagem e reaproveitamento de resíduos têxteis.

“A Pompeu pretende ser um parceiro estratégico, fornecendo conhecimento técnico, soluções operacionais e experiência em projetos de reutilização e valorização de resíduos. Queremos apoiar a criação de fluxos de circularidade eficientes e contribuir para que a indústria nacional se torne ainda mais sustentável”, conclui Manuela Silva.

Com capacidade para processar mais de 4 mil toneladas de resíduos por mês, a Antiga Casa Pompeu tem ainda potencial para dinamizar muitas mais iniciativas, como a instalação artística no Mercado do Bolhão. O desafio, segundo a responsável, passa por mobilizar o público, uma vez que a maioria destes projetos tem carácter educativo e visa sensibilizar para a problemática dos resíduos.

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