14 março 25
Sustentabilidade

Bebiana Rocha

Ana Paula Dinis: “Às vezes um produto dá a volta ao Mundo”

A diretora-geral da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, Ana Dinis, participou recentemente numa entrevista com Alexandre Schuch, diretor-geral da Ecocert Portugal, onde falou sobre a importância do Passaporte Digital de Produto para sensibilizar os consumidores para a pegada ambiental de um artigo têxtil.

“O consumidor não conhece o impacto dos produtos que compra. O sector têxtil e vestuário trabalha com uma cadeia global, às vezes um produto dá a volta ao mundo”, diz, fazendo referência aos esforços de Portugal para ter uma cadeia de proximidade, que depois se vai refletir em melhores desempenhos no DPP.

Durante a conversa, Ana Dinis falou também de como a Associação tem abordado as questões da sustentabilidade, no fundo qual é o seu papel. “A associação faz um trabalho de antecipação da legislação e lobby junto do poder político para dar a conhecer a realidade e os desafios da indústria, de que a legislação pode impactar as empresas e orienta para que a mesma não comprometa a competitividade nem o crescimento do sector”, explica.

Por isso, há aqui um papel de equilíbrio entre as ambições de sustentabilidade ambiental e a parte económica, que só é possível manter com um diálogo constante entre as empresas, que têm a experiência do dia a dia, e a ATP. “Quando estamos mais perto da implementação da legislação há todo um caminho para capacitar e sensibilizar”, continua a representante, reconhecendo de seguida que as empresas estão muito à frente dos requisitos.

“As nossas empresas já entenderam que quanto mais eficiente for a gestão de recursos menos custos terão”, acrescenta ao raciocínio. Essa procura por reduzir o número de recursos usados tem-se traduzido em investimentos fortes, seja na aquisição de caldeiras de biomassa, de painéis fotovoltaicos, maquinaria de última geração, ou outros.

Estes investimentos trarão resultados no médio-longo prazo e contribuem para que Portugal lidere a transição verde, no entanto, não estão a ser feitos em todas as geografias, o que contribuiu para desigualdades competitivas. “Na Europa estamos a fazer esta transição, mas o mundo não está a caminhar ao mesmo ritmo para investir em soluções sustentáveis”, terminou.

Será lançada em abril a segunda parte da entrevista ‘Sustentabilidade e a Indústria de Plásticos’, com o grupo EcoCert, uma organização global, especializada em certificação de produtos e serviços que atendam a critérios ambientais e sociais. O grupo tem ainda um papel ativo na promoção de práticas comerciais justas e sustentáveis, garantindo que os consumidores podem confiar nas informações disponíveis.

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