Bebiana Rocha
A Altri assinou um acordo para adquirir uma participação maioritária na AeoniQ, empresa suíça responsável pelo desenvolvimento do primeiro filamento celulósico biodegradável do mundo.
Este acordo prevê que a primeira unidade de produção industrial da AeoniQ a nível global venha a ser construída em Portugal, mais concretamente na fábrica de fibras da Altri, a Caima, localizada em Constância. A construção está prevista para 2026 e, uma vez concluída, terá uma capacidade instalada de 1.750 toneladas por ano de fibras de base celulósica.
O objetivo é escalar a capacidade de produção da tecnologia desenvolvida pela AeoniQ, num projeto que beneficiará da integração vertical — desde a fibra de eucalipto ao fio acabado. A médio prazo, está também prevista a incorporação de matérias-primas recicladas, como resíduos têxteis de algodão, resíduos agrícolas e celulose bacteriana derivada de desperdícios alimentares, conforme indica o comunicado oficial.
Os filamentos celulósicos da AeoniQ distinguem-se por serem totalmente biodegradáveis em diversos ambientes, e oferecem características únicas como elasticidade natural, suavidade, resistência comparável à das fibras sintéticas e um acabamento texturizado que os torna particularmente adequados para lingerie, têxteis-lar e outras aplicações têxteis.
A forte componente sustentável é um dos principais trunfos da AeoniQ. Dois estudos de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) demonstram que a produção deste fio pode reduzir as emissões de CO₂ em pelo menos 3,2 kg por cada kg de fio, quando comparada com a produção de poliéster.
Em Portugal, várias empresas têxteis já integram esta solução inovadora nas suas coleções. A Lameirinho, por exemplo, utilizou o fio AeoniQ na sua linha de roupa de cama Vegan Silk, apresentada na Heimtextil no início do ano. Também empresas como a Riopele e a Impetus já recorreram a este filamento nas suas produções, demonstrando o interesse crescente da indústria nacional por alternativas sustentáveis e circulares.