22 outubro 24
Empresas

Bebiana Rocha

Albano Morgado: “Os apoios têm de ser direcionados para a internacionalização”

Albano José Morgado, CEO da Albano Morgado, esteve como orador na primeira edição dos Estudos Sectoriais 2030. Na mesa redonda sobre ‘Oportunidades e Desafios da ITV’ de ontem (21) o empresário de Castanheira de Pêra disse, sem meias palavras, que as empresas têm ser mais ouvidas e que “os apoios têm de ser direcionados para uma terceira fase”.

Com isto referia-se a iniciar uma nova vaga de apoios à internacionalização, sempre necessários, uma vez que a conquista de mercados é um longo e dispendioso caminho. “O PRR está na ITV há muitos anos, sob a forma das palavras Persistência, Resiliência e Renovação Constante”, disse entre sorrisos, dando o exemplo próprio.

A Albano Morgado há vinte anos atrás exportava cerca de 10% da sua produção, hoje, quase centenária, exporta para as mais variadas geografias entre elas a Coreia do Sul, que representa já 5% das vendas. “O futebol e o calçado contribuíram muito para o nome de Portugal lá fora”, reconheceu, não descorando que “quando vamos, não vamos para enganar”, ao contrário dos italianos “que sabem vender, mas nem sempre o produto corresponde”.

Albano José Morgado manteve a frontalidade com que começou o seu discurso e avançou para um outro campo: o das matérias-primas. “50% do abastecimento da lã da Albano Morgado é feita em Portugal no Alentejo, as cooperativas não existem para certificar a lã, por isso temos de ir buscar parte fora. As instituições têm de dar apoio para que passe a acontecer essa certificação, nomeadamente o Ministério da Agricultura, porque as ovelhas não dão só carne para comer”.

Falou ainda da luta de preços e da desconsideração das marcas pela pegada de carbono: “Tive um cliente de capas para estudantes universitários que trocou a lã por um tecido 100% poliéster que foi buscar a Itália, mas é feito no Bangladesh, para poupar 1,20€ o metro”, expôs à audiência. “A composição do produto não tem nada a ver com a nossa capa 80% lã / 10% poliéster, que cumpre um propósito, servir de agasalho, e tem tradição associada. A resposta do cliente foi «os jovens querem lá saber da composição da capa»”, continuou, apelando a uma maior consciencialização do consumidor final e também para a sensibilização das cadeias.

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