31 maio 21
Comércio

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ABG, novo gigante americano ao ‘assalto’ da Reebok

A Authentic Brands (ABG) está a assumir cada vez mais a sua vontade de dominar o mercado da moda através de uma agressiva estratégia de aquisições que já a levaram a comprar a Barneys New York, Brooks Brothers e Forever 21, estando agora a Reebok debaixo dos seus radares. Paralelamente, tem uma política de licenciamentos que já a levou a assumir marcas como Marilyn Monroe, Michael Jackson, a estrela da NBA Shaquille O’Neall ou a cantora Thalía.

A estratégia é simples: incidir os seus interesses sobre empresas em dificuldade ou com pouca margem para dar o passo seguinte no desenvolvimento e promover a aquisição. Em 2010, numa altura em que os Estados Unidos ainda estavam atolados na crise financeira decorrente do subprime, Jamie Salter, um executivo canadiano, decidiu gizar um plano para criar um gigante do comércio de moda.

Nascido em Toronto, Salter iniciou a sua carreira na indústria da moda na década de 1980 com uma pequena empresa de marketing de artigos desportivos. Anos depois, em 1992, com dois sócios norte-americanos, funda a Ride, empresa especializada na produção de pranchas de snowboard. Em 2006, co-fundou a Hilco Consumer Capital, uma empresa especializada em adquirir marcas falidas ou em dificuldades e, em seguida, fazê-las reviver com acordos de licenciamento e parcerias.

A nova empresa adquiriu marcas como The Bombay Company, especializada em golfe, Tommy Armor e Polaroid, para a qual contratou Lady Gaga como diretora criativa. Salter deixou a empresa em conflito com a administração, para criar a ABG, que atuaria sob a mesma estratégia: a aquisição de propriedade intelectual de marcas famosas ou em processo de falência, para depois negociar contratos de licenciamento. Silver Star e Topout, especializadas em moda outdoor e desportiva, foram as primeiras aquisições. Paralelamente, Salter comprou os direitos sobre o legado de Marilyn Monroe, Muhammad Ali, Elvis Presley e Michael Jackson.

Atualmente, os negócios da empresa estão divididos em duas divisões: entretenimento e lifestyle. No primeiro, a empresa abrange os direitos dos referidos artistas, bem como a organização de eventos ao vivo; a produção de filmes e documentários (como o filme What’s my name, que conta a história de Muhammad Ali); media, como o Sports Illustrated, que o grupo adquiriu em 2019, ou Sports Illustrated Studio, uma joint venture entre 101 Studios e o grupo. A outra unidade de negócios inclui todas as marcas de moda, calçados, luxo, artigos para o lar, equipamentos desportivos, cosméticos e fragrâncias. Prince Sports, Adrienne Vittadini, Spyder e Juicy Couture, Aéropostale, Julius Erving, Frye, entre outras, são marcas suas.

Em 2018, adquiriu a Nine West, Nautica, Louise et Cie, Henredon e Bandolino. Um ano depois, foi a vez da Volcom e a Barneys New York. No Reino Unido, comprou a Debenhams e Arcadia (dono de marcas como Topshop, Topman, Dorothy Perkins ou Burton). Já este ano comprou a empresa de moda outdoor Eddie Bauer. A próxima pode ser a Reebok, desde 2006 nas mãos da Adidas, que pode ir parar à ABG por mil milhões de dólares – mas a concorrência é forte: a Wolverine Worldwide e o fundo de investimento Apolo Global Management.

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