28 novembro 24
Empresas

Bebiana Rocha

AAC Têxteis: “Temos de ser mais criteriosos nos clientes”

A AAC Têxteis partilhou a sua experiência de produzir para o segmento de luxo no âmbito do 26º Fórum da Indústria Têxtil. Paulo Pereira, CEO, começou por chamar à atenção que “não existem duas empresas iguais, nem realidades absolutas ou visibilidade a longo prazo”. As empresas devem por isso avaliar que posição querem adotar e, a partir daí, têm de ser criteriosas na escolha dos clientes.

“Começamos como agentes, o que nos permitiu conhecer a indústria e o que as marcas pretendem. Ao longo dos anos  ajustamos o modelo de negócio e a relação com os clientes. Somos hoje uma empresa com 40 anos, que vai na 3ª geração” disse. Este histórico permitiu a Paulo Pereira perceber que nem sempre vai existir uma simbiose perfeita entre marcas e indústria porque têm naturezas e expectativas diferentes.

“A indústria quer vender minutos, andar rápido e a bom preço. Já as marcas querem protótipos perfeitos, flexibilidade e alguma inovação”, constatou. A partir destes pressupostos começou a trabalhar uma fábrica mais ajustada: “retiramos pressão aos parceiros, criamos um atelier com modelistas, começamos a agilizar processos e hoje somos capazes de apresentar protótipos em 24h/48h”, compartilhou.

O conselho de Paulo Pereira vai assim no sentido das empresas colocarem de lados as exigências, por exemplo de quantidades mínimas, e passarem a pensar no cliente mais à frente: “temos de ser capazes de ver o cliente como um investimento e não como um custo”.

O segmento do luxo pode suscitar o interesse de vários, no entanto, segundo o administrador é um sector como os outros, que também passa por crises. Para os que querem nele entrar aconselha a que se informem sobre o que as marcas procuram, que apostem na valorização do capital humano, que invistam nas melhores máquinas de costura. “É um caminho que vale a pena, há um caminho alternativo ao preço”, fez acreditar.

A certo momento o CEO da AAC Têxtil compartilhou com Alberta Marimba, diretora comercial da Somelos, a falta de desconhecimento por parte das marcas. “Há muita gente que não percebe a indústria, a cadeia, como se abre uma cor, temos de ser seletivos”, disse. Numa mensagem final, Paulo Pereira fechou da mesma forma que abriu: não existem duas empresas iguais, o vizinho não deve ser visto como um concorrente, mas sim como um parceiro com quem se pode trabalhar para um objetivo comum.

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