Bebiana Rocha
“Portugal vai ser cada vez mais relevante para o mercado escandinavo”. Foi com este mote que Emil Pettersen, comprador sueco aqui no stand da Lemar, se apresentou ao T Jornal esta quarta-feira. De passagem pelo stand no MODTISSIMO contou o que mais o cativa na produção nacional.
“Durante anos trabalhei com grandes produtores têxteis na Escandinávia, fartei-me porque íamos à China comprar os tecidos e produzíamos no Bangladesh, fazíamos tudo muito barato e de forma não sustentável. Até que decidi criar o meu próprio projeto de têxteis sustentáveis”, contextualiza.
A Reparell é uma marca de roupa corporativa feita com resíduos retirados dos oceanos, maioritariamente Seaqual e é aqui que a Lemar entra em cena. “Trabalho com Portugal há cerca de quatro anos, quando era um pequeno produtor liguei a vários fornecedores a pedir seis metros de tecido, todos fecharam a porta, quando liguei à Lemar disseram que um metro era suficiente e assim começou”, explica. “Três meses depois estava a ser convidado para ser agente no mercado escandinavo, que aceitei com gosto, somos agora grandes amigos e faço as feiras lá duas vezes por ano”.
“Portugal torna possível pequenas quantidade, é mais caro, mas também é mais exclusivo. Vale mais e consigo defender o meu markup”, vinca Emil Pettersen. Dá inclusive o exemplo de um projeto no qual entrou com a Lemar e outras empresas nacionais (nomeadamente a Troficolor): “Íamos fornecer o maior parque aquático em Goteborg, a segunda maior cidade da Suécia”, diz ao T Jornal.
A empresa ficou encarregue de vestir os funcionários dos pés à cabeça. Se não fosse um fatídico incêndio a um mês da abertura do parque, todos os tecidos, design e produção seriam feitos em Portugal, o projeto está neste momento em standby. “Os clientes decidiram comprar-nos, mesmo sendo os mais caros do concurso, porque era português e certificado”, faz questão de dizer. Termina com a ideia de que “o cluster têxtil português deve estar orgulhoso do estatuto que tem lá fora”.