Bebiana Rocha
Imagem: Mastershot
Na semana passada, o Porto foi palco da 93ª edição da The Textile Institute Conference, organizada pela AQUITEX, que reuniu especialistas e líderes do setor têxtil e tecnológico. Um dos destaques do evento foi a intervenção de René Bohnsack, que abordou o tema “Inteligência Artificial para Líderes: do zero aos 100 de forma responsável”.
Durante a sua apresentação, René sublinhou que a inteligência artificial está a evoluir rapidamente, tornando-se cada vez mais capaz, ao mesmo tempo que os custos associados à sua implementação diminuem e a componente humana ganha relevância. Um gráfico apresentado pelo orador evidenciou esta tendência de forma clara.
René apresentou ainda quatro tipos de perfis na adoção da IA, definidos pela intenção, estratégia e capacidade de reflexão: The Passive Observers, The Reckless Racers, The Analysis Paralyzers e The Strategic Accelerators. Segundo o especialista, compreender estas personalidades é fundamental para orientar a implementação da IA nas organizações.
O orador referiu também que a maioria das empresas ainda se encontra em fase experimental relativamente à IA. De acordo com dados da Accenture Research, analisando uma amostra de 1.200 empresas: 13% são AI Innovators (implica estratégias maduras, mas dificuldades em operacionalizar), 63% são AI Experimenters (sem estratégias maduras nem capacidades para operacionalizar), 12% são AI Achievers (estratégias diferenciadas e capacidade de gerar valor) e 12% são AI Builders (capacidades fundamentais maduras que excedem a estratégia de IA).
Um dos momentos mais visuais da apresentação foi a “bússola da IA responsável”, uma metáfora que ilustra os quatro pontos cardeais do uso ético da inteligência artificial: o Norte representa a segurança dos dados, o Sul o impacto social e ambiental, o Este o julgamento do output gerado pela IA e o Oeste indica quem é posto de fora no processo. Segundo René, esta bússola ajuda as empresas a manterem a direção certa ao implementar a IA.
No fundo, explicou o orador, a “receita” para ir do zero ao 100 na IA é a combinação de capacidades e direção: as capacidades resultam da multiplicação entre os skills dos colaboradores e a mudança organizacional, enquanto a direção combina estratégia e ética. Só desta forma as empresas conseguem retirar vantagens reais da inteligência artificial.
Ao longo do seu percurso, René já formou mais de 2.000 executivos, defendendo que os principais benefícios da IA residem na redução de custos, na otimização de processos e no crescimento das receitas. Para isso, é fundamental formar os colaboradores para utilizarem a IA de forma segura, garantindo confidencialidade e evitando a propagação de erros ainda presentes na tecnologia.