Uma lufada de frescura sem inveja

A marca Fresh Jealous já existe desde 2011, mas é na sua nova localização, junto à Praça Carlos Alberto, no Porto, que “funciona melhor” assegura o seu diretor criativo Augusto Soares Silva. “Além de ser uma esquina e local de passagem de muita gente é também uma loja mais portuguesa pela sua fachada: as portas em madeira o interior em pedra, o que até nos inspira a criar peças também elas mais portuguesas”, destaca. 

Cuidadosamente dividida por dois ‘charriots’, um de vestuário de homem e outro de mulher, a marca apresenta a sua nova coleção outono-inverno. ‘Blind Kisses’ enquadra-se num estilo de streetwear casual, minimalista, mas com detalhes e uma qualidade que não passarão despercebidos. “Inspirei-me numa viagem que fiz entre Milão, Hamburgo e Berlim”, contextualiza Augusto Soares. “Tudo o que absorvi desde ruas a museus, em conjunto com as tendências atuais do vermelho, azul royal, pretos e, principalmente a tendência do ‘no gender’, aparecem nesta coleção. Assim como uma vibe anos 80, cortes oversize e uma colegial”, resume. 

A Fresh Jealous é um projeto alimentado por várias mentes e mãos e o diretor criativo faz questão de vincar isso: “trabalho com jovens designers, que me são aconselhados por algumas escolas, outros contactam-me, e é uma forma de a marca ter sempre sangue novo. O Daniel Moreira é o nosso ilustrador preferido, quem sabe em breve não saem mais trabalhos com ele”, apimenta. 

A par da preocupação em promover o talento emergente, a Fresh Jealous aproveita a sua voz para promover a têxtil portuguesa e a sustentabilidade: “Todos os tecidos e a confeção é feita no Norte de Portugal. Trabalhamos, por exemplo, muito ao nível de estamparia e sublimação com a Juvenália”, confidencia. “Somos contra o fast fashion, não produzimos em quantidade, nem os tamanhos todos. Criamos um estudo de tamanhos que eram mais vendidos por coleção e a partir daí produzimos esses tamanhos para não gerar stocks. Mas aceitamos por encomenda qualquer um”, ressalva. A sustentabilidade é ainda incorporada na vertente dos materiais, onde são privilegiados os reciclados, nomeadamente linho e poliéster. “A mudança de loja do Largo Alberto Pimentel para aqui coincidiu com uma mudança sustentável e com uma crescente preocupação do cliente com a etiqueta”, sintetiza. 

À loja não chegam apenas turistas, com especial ênfase para alemães, austríacos, suecos e suíços. “Fidelizamos o cliente português, e notamos uma aceitação por parte de todas as faixas etárias”, diz, caracterizando: “apesar da nossa imagem muito jovem nas campanhas, quem nos compra são pessoas na faixa dos 30’s, conseguimos abranger um leque de pessoas entre os 18 e os 50 anos”.

Na lista de objetivos para o futuro da Fresh Jealous estão: a criação de uma linha de calçado e a abertura de um projeto em homenagem ao antigo MUUDA. “Trabalhei durante muito tempo nos bastidores do Portugal Fashion e a minha paixão pela moda nasceu assim… De um convite da Joana Carravilla, da Gilda Mendes e da Ana Rita Cameira, para responsável pelo espaço MUUDA Arte, no quarteiro Miguel Bombarda, entre 2007 e 2016. Foi também com o apoio do Manuel Serrão que conseguimos desenvolver ali várias dinâmicas, como exposições, apresentações de coleções de criadores e criar uma procura maior pela moda de autor nacional. Comecei inclusive o processo da Fresh Jealous dentro do MUUDA. Mas com o boom de lojas que houve no centro do Porto o público acabou por dispersar e o MUUDA fechou portas. Quero trazer de volta o espírito que se viveu ali”, concluiu.