T59 - Dezembro 2020
Loja

De se lhe tirar o chapéu

Quando Francisco Baião abriu, em 1897, a Chapelaria Centro da Moda era impensável que alguém, homem ou mulher, pusesse o pé fora da soleira da porta sem um chapéu posto na cabeça. Hoje em dia as coisas estão bem diferentes, mas é com alegria que o atual proprietário, José Baião – neto de Francisco e a terceira geração da família a ocupar-se do negócio, sucedendo ao pai, Luis Baião – verifica que a moda dos chapéus tem vindo a erguer-se novamente nos últimos anos. E parece estar para ficar

Cláudia Azevedo Lopes

Mudanças e revoluções que o avô Francisco não podia sequer imaginar quando abriu a chapelaria, nos últimos anos do século XIX. Ainda jovem, saiu de Baião e rumou à cidade do Porto à procura de trabalho, que foi encontrar numa fábrica de chapéus. Aí aprendeu o ofício e não tardou muito até abrir o seu próprio negócio de confeção e venda de artigos de chapelaria. Um negócio que prosperou até meados dos anos 50 do século XX, onde o final da segunda guerra mundial e a consequente liberalização dos costumes ditou que o chapéu fosse chutado para canto.

A família Baião, no entanto, nunca desistiu e ano após ano conseguiu manter-se invicta, como a cidade que foi desde sempre a casa do seu negócio. Continuaram a vender para as então colónias ultramarinas e mais tarde iniciaram as exportações para a Europa, quase exclusivamente para o mercado Alemão – que ainda hoje é responsável por 25% da faturação da empresa. Grandes oportunidades de negócio a que recentemente se veio juntar o boom do turismo no Porto, que justificou que dessem à loja que têm na rua Nova de S. Crispim – onde também está localizada a fábrica – uma irmã na rua Formosa, onde o cliente estrangeiro é a alma do negócio. Da Coreia do Sul, China, Taiwan, Singapura e dos Estados Unidos chegam os melhores clientes.

Mas também portugueses, menos expressivos, mas que também estão a acordar para a magia dos chapéus. “O gosto pelo vintage, que agora é uma tendência, veio dar um grande impulso para que os chapéus voltassem a estar na moda. Há também um gosto renovado pelo comércio tradicional, que, para juntar ao cliente habitual, mais velho e já habituado ao uso do chapéu, traz até nós um novo tipo de cliente: mais jovem, na casa dos 30, já com algum poder económico e que sabe o que quer. Esse cliente normalmente chega até nós através das novas plataformas digitais, que são da responsabilidade do meu filho Luís, a quarta geração da família envolvida no negócio”, explica o proprietário.

No verão, os panamás – chapéus de palha de alta qualidade, preferencialmente do Equador – são os mais vendidos, tendência que no inverno, muda para as fedoras que, por ordem crescente de qualidade, podem ser de lã, pêlo de coelho ou de castor. Já os bonés – “tudo o que tenha pala” – vendem-se bem o ano todo. Em lã no inverno e em seda e linho no tempo quente. “As pessoas confundem boné com boina, mas são diferentes. A boina não tem pala, é totalmente redonda”, completa José.

Para além da marca própria Porto Hats, a alemã Meyser, cuja representação em Portugal está entregue a José Baião, a americana Stetson, famosa pelos chapéus de cowboys popularizados pelos filmes de Hollywood, e as italianas Panizza e Borsalino são as marcas presentes na chapelaria. O critério é a qualidade certificada pelos muitos e muitos anos de história. “São as melhores. Comprar um chapéu destes é como comprar um Mercedes”, sentencia José Baião, que tal como o pai e o avô, também se dedica à confeção dos artigos que vende.

Isto porque, tal como Vasco Santana popularizou no filme “A Canção de Lisboa”, chapéus há muitos! Mas como estes muitos poucos se orgulham de ser.

A Loja

Chapelaria Centro da Moda
Rua Formosa, 372
4000-249 Porto

Ano de abertura 2019 Produtos Chapéus, bonés e boinas de alta qualidade Público-alvo Para quem procura qualidade e atendimento personalizado Outras lojas Rua Nova de São Crispim, Porto Marcas Meyser, Stetson, Panizza Borsalino e a marca própria Porto Hats

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