O luxo abraça ingredientes improváveis: Ananás, Uvas e Cogumelos!
O foco na sustentabilidade tornou crítica para as marcas a questão da fonte das matérias-primas. As marcas de moda líder, nomeadamente as do segmento de luxo têm vindo a procurar ativamente por materiais de nova geração e especificamente por alternativas bio fabricadas à pele natural com origem animal.
E na realidade, 70% dos inovadores identificados pela organização filantrópica Material Innovation Initiative (MII) dedicam-se a soluções para substituir esta matéria-prima.
De observar, que o investimento em novos materiais desde 2015 representa 2,3 mil milhões de dólares (MII, dezembro de 2021) e diversas publicações afirmam que o interesse das marcas de luxo, bem como de outros investidores, em suportar tecnologias para a produção de alternativas à pele tem vindo também a crescer.
Voltando ao perfil dos inovadores que contribuem para esta revolução na moda de luxo – vestuário e acessórios: 73% apresentam soluções derivadas de plantas; 12% bio mimetizam a pele natural com recurso ao “Mycelium”; os restantes 15% suportam-se em outras tecnologias de criação de materiais em laboratório, tais como, cultura de células, micróbios, ou ainda “blended technologies”.
Ananás, Uvas e Cogumelos, mais precisamente o micélio – parte vegetativa do fungo – são os ingredientes de ouro da moda de luxo, neste ano de 2022. E é inegável que as práticas de grandes grupos ou marcas – Kering Group, Stella McCartney, Gucci – que lideram esta macrotendência contribuem para acelerar a mudança e transição da pele animal para peles vegan em todo o sistema da moda.
Segundo estudos recentes do comportamento dos consumidores de moda, os indivíduos manifestam uma atitude muito positiva no que respeita à aquisição de produtos de pele produzidas com base em tecnologias de nova geração, no entanto, obviamente, a disponibilidade e valor /produto no mercado constituem constrangimentos.
Convido os leitores a pesquisarem alguns casos focados na parceria entre inovadores e marcas de luxo que sinalizam esta revolução.
PIÑATEX é a marca do não tecido substituto do couro da ANANAS ANAM, produzido com desperdício das folhas da planta do ananás. Esta empresa pioneira oferece diversas linhas do produto e a sua lista de parcerias tem crescido significativamente. HUGO BOSS e PAUL SMITH são duas das marcas referencia na utilização da PIÑATEX.
A VEGEA é conhecida pela sua “GRAPE LEATHER”, uma pele produzida de resíduos do processo vínico. Esta organização inovadora, focada na investigação e desenvolvimento de biomateriais, oferece coleções diversas e mesmo edições especiais às marcas globais. MARNI, PANGAIA, MR PORTER e GANNI são algumas das marcas que têm feito chegar ao mercado de consumo a GRAPE LEATHER.
A BOLT THREADS cultiva micélio para produzir pele de nova geração. Os inovadores lançaram o seu material MYLO™ em 2018 e desde então construiu uma rede de abastecimento que lhe permite agora fornecer em quantidade o seu biomaterial ao mercado de desporto e moda. Os primeiros produtos foram lançados, este ano de 2022 através do seu consorcio com a ADIDAS, LULULEMON, KERING GROUP e STELLA MCCARTNEY.
A MYCOWORKS dedica-se, também à cultura de micélio, bem como à produção de pele vegan através de uma tecnologia que desenvolveu e patenteou. Em 2021, a empresa estabeleceu uma parceria exclusiva com a luxuosa HERMES para a criação do primeiro produto com o seu bio não tecido – FINE MYCELIUM ™. A VICTORIA BAG da HERMÉS tem agora uma reduzida pegada de carbono e é biodegradável.