T47 - Outubro 19
Empresa

Uma viagem da ganga até ao fraque

No princípio era a ganga. Os pantalones vaqueros da marca Lois, que Maria e Firmino Gaudêncio importavam de Valência vendiam-se melhor que pãezinhos frescos, acabadinhos de sair do forno. Porque não produzir cá jeans? - perguntaram-se os pais de Paulo Ferreira, 54 anos, o gestor da 2ª geração e ex-futebolista que liderou uma bem sucedida reviravolta tática numa empresa que debutou com uma pequena linha de produção de calças de ganga e evoluiu para o fato clássico e de cerimónia.

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Lança, o nome da fábrica de confecções fundada em 1973, era também a marca das calças de ganga produzidas no concelho da Covilhã pelos Gaudêncio, um projeto que prosperou durante uma dúzia de anos, até que o excesso de concorrência no segmento do denim os levou a corrigir o tiro.

“Nas gangas estávamos limitados ao mercado interno. A decisão de passarmos a fabricar fatos, tomada no final dos anos 80, abriu-nos as portas da exportação, que atualmente vale mais de 95% das nossas vendas”, explica Paulo Ferreira, o mais velho (e único varão) dos quatro filhos de Maria e Firmino.

Futebolista profissional – foi extremo esquerdo (“O pé direito era só para equilibrar…”) da equipa do Sporting da Covilhã que subiu à I Divisão e onde alinhavam Rui Barros e César Brito – Paulo arrumou prematuramente as botas para dar uma ajuda aos pais na empresa, onde não demorou a deixar as suas impressões digitais, já que um ano volvido estava a ser montada a linha de produção de casacos.

A viragem para os fatos não foi senão o início de uma revolução permanente numa empresa que faz questão em estar sempre a ajustar-se às novas condições do mercado e às novas exigências dos clientes.

No início do século, olharam para a carteira de clientes, repararam que ela era constituída por poucos e grandes distribuidores, e concluíram que isso constituía um enorme risco. “Não queríamos estar dependentes de um número muito reduzido de clientes, pelo que empreendemos um esforço para conquistar novos clientes, pequenos e médios”, explica Paulo Ferreira, general manager da Confecções Lança.

A diversificação da carteira de clientes desenvolveu-se a par de uma subida na cadeia de valor, fundamentada na melhoria da qualidade do produto, do serviço e da flexibilidade, que lhe permite fazer 10% das vendas com fatos feitos por medida.

“A entrega rápida e nas datas acordadas com os clientes é um dos mais importantes factores de fidelização e que ajudaram a construir a reputada de credibilidade da nossa empresa”, afirma o antigo extremo esquerdo do Sporting da Covilhã.

Para se manter competitiva, todos os anos a Confecções Lança investe entre 5 a 10% do seu volume de negócios. Este ano o programa de investimentos, orçado em 550 mil euros e já parcialmente executado, contempla informática, maquinaria (“não podemos parar nunca de modernizar a nossa estrutura produtiva”) e melhoria das condições de trabalho.

“As chaves do sucesso? A qualidade do produto, ser confiável, resposta rápida, entrega nos prazos e flexibilidade”, conclui Paulo Ferreira.

 

A Empresa

Confecções Lança
Sítio da Cruzinha
6201- 908 Vales do Rio

O que faz? Blazers, calças, fatos de homem e uniformes (para ambos os sexos) Volume de negócios 6,3 milhões de euros Clientes Paul Smith, Printemps, Hawes & Curtis, etc Capacidade produtiva 300 fatos/dia Principais mercados  França, Reino Unido, Espanha e Escandinávia Maior estrangulamento Não ter mais espaço para crescer nas instalações atuais, que têm uma área coberta de 4 mil m2  Trabalhadores 225

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