T86 - setembro 23
Empresa

“Sermos verticais é o passe para o triunfo”

Os sectores produtivos vão desde a tecelagem, tinturaria, corte automático, confeção, bordados, embalagem e até mesmo produção de etiquetas e fitas fantasia, e o seu target é maioritariamente a confeção de homem. Há, além disso, algo que distingue a empresa: ter um gabinete de design ao serviço também do private label.

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A Lima & Companhia, fundada há mais de quatro décadas, é um dos casos raros que mantém dentro de portas todo o processo de produção, uma estratégia iniciada há muitos anos e que a empresa acredita trazer-lhe mais-valias nos dias de hoje. “Os nossos pais iniciaram com uma pequena confeção, e nós nascemos nisto e fomos crescendo com a empresa, o que acabou por estar enraizado também no nosso crescimento. Neste momento somos verticais, e portanto somos capazes de produzir uma peça do inicio até ao fim, tudo com recursos internos”, contam nostálgicos os irmãos Cortinhas, que hoje são a segunda geração e dão continuidade ao legado da família.

Os setores produtivos vão desde a tecelagem, tinturaria, corte automático, confeção, bordados, embalagem e até mesmo produção de etiquetas e fitas fantasia, e o seu target é maioritariamente a confeção de homem. Há, além disso, algo que distingue a empresa: ter um gabinete de design ao serviço também do private label. “Qualquer marca e mesmo os designers que não tenham um gabinete mas que gostavam de produzir, podem usar um modelo nosso, fazer alterações e venderem. E qualquer marca que esteja interessada em produzir nas nossas instalações, nós temos esse apoio para os clientes”, explicou Márcia Cortinhas, diretora comercial da empresa.

Com uma capacidade produtiva de duas mil peças por dia e um volume de negócios da ordem dos seis milhões, desde o início que a empresa tem no seu ADN ser predominantemente exportadora. Exemplo disso é a marca própria Ethnic Blue, que representa 60% da produção e que só é comercializada externamente. “O nosso principal mercado é a Europa, França em especial, porque é lá que temos uma parceria e um escritório para venda e distribuição da nossa marca própria”, afirmou Márcia. No entanto, “continuamos muito focados no mercado nórdico estamos a tentar que Inglaterra seja novamente um mercado relevante. Fora isso, na mira está a América”, revelou.

O mercado têxtil é globalizado e segundo Nuno Cortinhas, diretor de produção da empresa, “isso faz com que seja feroz, de maneira que não podemos ficar para trás”, e isso é um dos grandes desafios da Lima & Companhia. “Ao longo da nossa existência, o reconhecimento tem sido bom, mas foi trabalhado. Começámos com três clientes, que acabavam por assegurar a produção da empresa”, notou. Contudo, com os desafios que se fizeram sentir, a estratégia mudou: “Tivemos de diversificar os nossos mercados. Em quantos mais mercados estivermos, menos expostos estamos aos riscos externos que possam influenciar o nosso negócio”, acrescentou.

Nesse contexto, surgiu a necessidade do investimento em feiras. E foi a partir daí que o reconhecimento surgiu, não como uma marca mas sim como empresa. “Antigamente metíamos umas peças dentro de uma mala, batíamos à porta e éramos recebidos. Hoje, não acontece isso. Portanto as feiras para nós são uma montra, e são sem dúvida cruciais para nós. São o nosso maior investimento, o único em que não poupamos”, contam.

A guerra e a inflação são o grande desafio do ano para a Lima & Companhia. “O nosso cliente final foi afetado, e para tentarmos justificar esse aumento, apostamos em produtos diferenciados e que acrescentem valor”, comentou Nuno. Outros investimentos vão ter de esperar: a remodelação das instalações e a criação de uma comunidade de energia. Mas, mais importante, o futuro está assegurado: a terceira geração da família já está a caminho.

A Empresa

Lima & Companhia, S.A
Avenida da Ponte Nova, no677,
4770-414 Pousada de Saramagos

O que faz? Produção e confeção de vestuário em malha Área de produção: 12 mil m2 Colaboradores: 200 trabalhadores Início de atividade: 1980 Faturação: seis milhões de euros Exportação: 90%

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