T88 - Novembro 23
Empresa

Não há nada mais ‘made in Portugal’ que a Lameirinho

Nesta nova geração, liderada por Paulo Coelho Lima trabalha-se numa ótima de arrebatar o sector mais “premium” e para continuar a promover a inovação e criatividade, sem medo de trabalhar em conjunto com outras marcas para atingir a excelência.

Tiago Alves

Na terra que deu origem a Portugal, Guimarães, nasceu uma empresa familiar que atualmente emprega quase mil trabalhadores e leva o escudo do ‘made in’ Portugal para fora de portas. No entanto, a marca vimaranense iniciou o seu percurso empresarial num tempo em que encontrar um segmento industrial com peso interno e externo era quase uma utopia. No pós- guerra, Portugal ainda tinha marcas do condicionamento industrial implementado pelo regime salazarista e por isso um ato empreendedor como o de Joaquim Coelho Lima nos anos 30 só podia ser visto como corajosa e convicta. Em termos oficiais, a Lameirinho começou em 1948, mas em meados dos anos 30 já se projetava em laboratório o que iria ser esta empresa especialista em têxtil lar. Com o tempo, a Lameirinho tornou-se uma bola de feno no deserto industrial português, ou seja, bem-sucedida e atualmente já se encontra na 3ª geração da família Coelho Lima.

Interessante constatar que tudo começou com dois teares mecânicos adquiridos na década de 40 que permitiram a empresa desenvolver a sua identidade têxtil no segmento da tecelagem. Joaquim Martins Coelho Lima, nasceu em Selho, Guimarães no dia 9 de janeiro de 1908 e era filho de Manuel Martins Coelho Lima, entusiástico da música e fundador da Sociedade Musical de Pevidém e um proprietário na área têxtil e de Antónia Maria do Carmo. Tal como o pai, Joaquim Coelho Lima inclinou-se para a música tornando-se maestro da Banda da Sociedade Musical de Pevidém e ainda teve unhas para tocar a exigente guitarra da Lameirinho liderando-a para o sucesso. De facto, a família Coelho Lima sempre teve queda para a música, mas também para o mundo têxtil dinamizando empresas de sucesso como a Coelima e mais tarde a Lameirinho. Joaquim Coelho Lima obteve um vasto conhecimento sobre a indústria portuguesa e desenvolveu a sua veia musical, através do seu pai e acabou por se tornar maestro em 1958.

Importa salientar que, ao longo do tempo, vários membros da família Coelho Lima fizeram parte da vida política e cultural de Guimarães contribuindo para as festas Nicolinas, muito tradicional na região e tendo voz ativa no desporto, nomeadamente no Vitória Sport Clube. Curiosamente, um membro entusiasta de desporto da família Coelho Lima, Casimiro Coelho Lima, foi considerado pelo historiador do Vitória, Raúl Rocha, “um dos grandes beneméritos da história vitoriana”.

Relativamente à Lameirinho desenvolveu-se e ganhou vida com dois teares mecânicos e cresceu nos anos 50 através de tecnologias adquiridas, paulatinamente, como a máquina de branqueamento, tinturaria e com o uso de técnicas tradicionais, isto é, os fios eram colocados em caixas de madeira e era adicionado um agente umectante para que os operários pudessem pisar com os pés. Uma década depois, a Lameirinho já se destacava nos acabamentos, que são a sua imagem de marca nos dias de hoje, através da configuração de uma unidade de acabamento que produzia, à época, 2000 metros de tecido por dia.

Com o aparecimento dos ares de abril, a Lameirinho virou-se para fora e conseguiu competir em mercados exigentes como o britânico e afirmar-se com toda a propriedade no norte- americano. Os lençóis vimaranenses conquistaram os lares americanos e este mercado ficou cada mais recetivo e rendida à qualidade desta marca. Para atender as necessidades do competitivo mercado internacional a empresa criou uma unidade de confeção com seis máquinas de costura, duas máquinas de corte e costura e contratou dez novos funcionários. Relativamente aos produtos, eram produzidos lençóis e fronhas. Mas não é só no mercado inglês que a Lameirinho conseguiu ter sucesso, já que vende para 35 países diferentes com os seus produtos de tecidos de grande qualidade como cetins, percales, flanelas, fios tintos, bamboo, caxemira, seda, linho, tencel e modal. Não obstante, o segredo mais bem guardado estará sempre no acabamento do tecido que se pretende suave e delicado. Para atingir este objetivo é impossível não destacar o investimento na qualidade, I&D e capacidade produtiva que pode chegar aos cinco milhões de peças anuais.

Efetivamente, a vocação desta marca, apesar de abraçar com o orgulho a bandeira do ‘made in Portugal’, são os mercados internacionais, tendo permitido à empresa sobreviver a crise da abertura do mercado à China e posteriormente a crise financeira de 2013.

Nesta nova geração, liderada por Paulo Coelho Lima trabalha-se numa ótima de arrebatar o sector mais “premium” e para continuar a promover a inovação e criatividade, sem medo de trabalhar em conjunto com outras marcas para atingir a excelência. Para além disso, investe cada vez mais na confeção, empregando muita mão de obra qualificada no sector produtivo. Paralelamente o laboratório é nevrálgico para a Lameirinho dedicando-se muito tempo a pesquisar e inovar, principalmente técnicas de acabamento que tornem o produto mais suave, macio e resistente após as lavagens. Tal como nos primórdios da empresa pretende-se ter uma ótica de investir para crescer na produção sustentável, capacidade industrial e melhoramento da rede de distribuição em várias lojas físicas e online.

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