A nossa cantina de hoje, se fosse uma peça de roupa seria um XS. Como acontece nos trapos, muitas vezes é nas peças mais pequenas que a beleza se realça mais. É o famoso slogan ‘small is beautiful’!

O melhor é começar logo pelo nome. Porta Enxerto. É um nome ligado às vinhas que remete para a filoxera, essa tragédia que afetou a Europa em meados do século XIX. Porta enxerto foi uma das formas de combater a doença e por isso posso já começar por dizer que todos os vinhos que têm porta enxerto estão de perfeita saúde. Como também nós ficamos depois de os bebermos com a moderação habitual.

Posso continuar com o nome do dono que também é chefe de sala. Hermenegildo, Gildo para os amigos. Estamos a falar de um restaurante muito pequeno, no centro de Famalicão, que tem seis mesas na sala interior e mais seis numa esplanada que nem sempre a meteorologia deixa usar. Ainda que este ano, com o verão quase a chegar ao Natal, até tenha tido muita serventia inesperada. 

Uma das grandes originalidades é a carta.

Pela maneira como se apresenta, um livro aberto com as duas faces iluminadas interiormente, mas também pela estrutura da sua oferta. Dividida em Empratados, Tapas, Couvert e Charcutaria e Doces. O couvert é obrigatório só para apreciar a elegância com que o Gildo decanta um excelente azeite para um minúsculo prato sem que se desperdice uma única gota.

Para um jantar (que só pode ser às quintas, sextas e sábados) para duas pessoas, sugiro, nos empratados, um Aveludado de Camarão como Grelos e Ovos em Revuelto e um Spaghetti al Nero de Sépia e Gamberi e nas Tapas Lombinho de Porco Preto do Alentejo Grelhado, que misturaria com um Risotto de Cogumelos.

Enquanto espera pela comida vale a pena espreitar os 14 quadros e retratos de figuras históricas de Portugal e não só e cujas legendas estão disponíveis na tal carta iluminada já referida acima. O Porta Enxerto e o Gildo merecem bem a vossa visita.