Ir à província sem sair de Lisboa
T79 - Janeiro 23
Cantinas do Serrão

Manuel Serrão

Chegamos à Província e nem saímos de Lisboa. Um restaurante italiano onde não se come só pasta, "porque só pasta não basta". O Província utiliza produtos da época da sua horta própria com os quais cozinha pratos da época. Para abrir, o nosso expert Manuel Serrão recomenda a focaccia artesanal e um crudo de gambas da costa algarvia e stracciatella, ao que se segue uma battuta di carne mertolenga DOP com gema de ovo, parmesão com 24 de cura e balsâmico de modena que continuam a abrir o apetite para a carta de sobremesas.

Ir à província sem sair de Lisboa parece mesmo uma contradição insanável. Mas surpresa, surpresa, não é. Estamos a falar do Província, mais um belo restaurante do grupo Non Basta, para quem já não bastava os que tem. 

Em plena Avenida da república, aliás na sua melhor esquina, por causa do poderoso vizinho que tem. Nesta altura, e muito bem, o estimado leitor destas cantinas quer saber que vizinho é esses.

Ore bem, essa não é a famosa pergunta de um milhão de dólares, mas a pergunta de quase um milhão de títulos. O Província está quase porta a porta com a delegação de Lisboa do meu FC Porto. Para mim, não podia escolher melhor sítio para se afirmar como restaurante vencedor.

Como se trata de um restaurante italiano, será que estamos a falar de uma normal pizaria? Nada disso, nem pensar. Mas atenção que eu não estou em guerra com as pizarias. Só acho que para mim, para um bom almoço ou jantar são poucochinho, como dizia um político bem nosso conhecido.

O Província,  apesar de manter a matriz italiana, procura abrir horizontes a outras técnicas e matérias primas dentro do espectro da cozinha mediterrânica e local. Sob o mote de trazer  o “campo para a cidade”, a preocupação em usar produtos de época, provenientes da horta própria que abastece os restaurantes, é constante.

O Província
Procura abrir horizontes

As dicotomias rural-urbano, campo-cidade fazem-se notar não apenas nos produtos mas também no próprio  espaço onde imperam materiais tipicamente portugueses como a pedra e a madeira, a estante com antiguidades, terrinas, garrafas de cristal ou livros antigos. A utilização de azulejos desenhados à mão ou a escolha do azul e do branco, ora lá está… em homenagem às casas caiadas da província são outros detalhes que ajudam a fazer jus ao nome. 

Indo agora ao que mais interessa, aqui ficam as minhas notas de prova, amplamente aprovadas. Como antipasti: Focaccia artesanal, noisette de sálvia e azeite virgem extra;

Crudo de gambas da costa algarvia e stracciatella; Batuta di carne mertolenga DOP, gema de ovo, parmesão (24 meses de cura) e balsâmico de Modena. 

Depois, como Primi Piati: Ravioli de espinafres e queijo cabra, cebola e nozes; Spaghetti risottati em bisque de gamba da costa algarvia, bivalves e bottarga. Como Secondi: Polvo grelhado com arroz de forno do mesmo e emulsão de pimentos; Posta mirandesa Dop. 

Para quem arriscar ainda uma sobremesa, o Tiramisu da ordem merece aplauso. No meu caso e nesta visita, foi mais tira-me isso da frente se faz favor.

RESTAURANTE
Província

Av. da Républica, 48B 

1050-149 Lisboa

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