T44 - Junho 19
Produto

Um casaco que pára-raios e protege vidas

É mais uma prova do casamento feliz e futuro promissor para têxteis técnicos e electrónica. Desenvolvido a pensar nos riscos que enfrentam os técnicos de manutenção das torres de telecomunicação, o casaco E-Caption 2.0 é um equipamento de segurança único, capaz não só de monitorizar mas também de proteger os seus utilizadores dos efeitos nocivos das radiações

António Moreira Gonçalves

O projecto foi já um dos grandes protagonistas na Techtextil, ao conquistar o Prémio de Inovação na categoria de Nova Aplicação, mas os criadores deste casaco tecnológico querem levá-lo ainda mais longe.

“Na realidade, funciona como um escudo protector para quem o veste, reflectindo as radiações que estão constantemente a ser emitidas pela estação base e informando-os de quando o risco ultrapassa o limite legal”, explica Caroline Loss, investigadora na Universidade da Beira Interior (UBI) e responsável pelo desenvolvimento do projecto.

A tecnologia começou a ser desenvolvida ainda em 2014, quando Caroline estava a completar o seu doutoramento em Engenharia Têxtil. Numa iniciativa anterior, intitulada Proenergy, a UBI tinha já desenvolvido antenas de telecomunicações a partir de materiais têxteis. No entanto, faltava ainda um produto concreto que colocasse a ideia em prática. Nasceu assim o casaco E-Caption.

Numa versão inicial, a 1.0, o equipamento continha ainda uma placa rígida integrada, o que o tornava pouco prático. “Depois de termos feito essa primeira versão, em jeito de protótipo, percebemos que o passo seguinte era explorar a industrialização e criar um casaco que tivesse uma aplicação real”, conta Caroline. Para a segunda versão, a que foi agora apresentada e premiada na Techtextil, o projecto contou com a colaboração da Borgstena, a fábrica de Nelas especializada na produção de têxteis para a indústria automóvel.

“Criamos ao mesmo tempo um casaco inteligente e um equipamento de protecção”, afirma a investigadora. Para isso foram conjugados dois tecidos diferentes: um pequeno retângulo de poliamida revestida a cobre, que serve de antena, e uma malha especial com duas faces diferentes. Por fora 100% poliéster, parecendo um casaco normal, e por dentro 100% prata, o que torna o tecido condutor. “É esta camada interna que faz com que o casaco reflita as radiações recebidas, absorva até algum excesso, e evite que entrem em contacto com o corpo”, explica Caroline.

Para além de isolar o utilizador  das radiações, o casaco é ainda dotado de um LED, que emite um alerta luminoso caso os níveis a que está exposto sejam demasiado altos. Uma funcionalidade que protege mas que também facilita a vida dos técnicos, que até agora se viam obrigados a carregar com um equipamento de medição.

Depois dos testes em laboratório e da apresentação na Techtextil, o E-Caption 2.0 está agora a ser testado no terreno e com o processo de patenteamento em curso.

Entretanto, já surgem ideias para uma versão 3.0. “Talvez a próxima fase seja levar este casaco para a área da moda, com uma conceito mais comercial. O mesmo sistema que acende um LED pode também ser utilizado para absorver a energia do ambiente e carregar pequenos dispositivos como um Ipod ou um smartwatch”, prevê Caroline Loss.

O Produto

E-Caption 2.0 - Smart and Safe Coat

Desenvolvido pela Universidade da Beira Interior, Instituto de Telecomunicações de Aveiro e Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, com a colaboração da Borgstena
Equipa responsável: Caroline Loss, Daniel Belo, Pedro Pinho e Rita Salvado.

O que é? Casaco inteligente e de proteção pessoal para equipas de manutenção de torres de telecomunicações. Para que serve? Protege das radiações emitidas pela estação base e dá um alerta quando os níveis estão demasiado altos Estado do projeto? A ser testado no terreno e em processo de patenteamento

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