A Coltec abriu uma janela para o futuro

“O nosso objectivo era utilizar as nossas tecnologias para criar produtos funcionais”, explica Francisco Fernandes, responsável técnico da Coltec. O projecto surgiu em 2016, quando a empresa de Polvoreira, Guimarães, adquiriu um conjunto de novas máquinas de Hot Melt Printing. Decidida a perceber as potencialidades do “novo brinquedo”, a equipa da Coltec começou a avaliar várias hipóteses de investigação. “Falamos com o CITEVE, com quem já realizamos muitos projectos, e percebemos que os têxteis inteligentes eram uma área com muito para descobrir”, lembra o representante da empresa. No desenvolvimento do iTechCoat viria a juntar-se ainda o CeNTI, responsável pela componente electrónica.

Logo à partida o projecto arrancou com os têxteis-lar no topo das prioridades. “São o nosso principal mercado, representam cerca de 60% da nossa actividade, e trabalhamos muito na área da saúde”, explica o responsável técnico. Assim, a equipa definiu como meta a criação de um protector de colchão para pessoas acamadas. Como estão normalmente longas horas na mesma posição, estes doentes sofrem muitas vezes de escaras – úlceras na pele que surgem pela pressão constante.

O sistema criado pela Coltec ajuda na prevenção deste problema, ao avaliar as zonas do corpo sob maior pressão – num mostrador digital, como se vê na foto – e emitindo um aviso sonoro quando é necessário mudar a o doente de posição.

“Fomos a lares perceber quais as necessidades reais das pessoas e percebemos que há ainda vários problemas sem solução. Há casos, por exemplo, de doentes totalmente paralisados que caem durante a noite, sem os cuidadores perceberem como”, diz Célia Silva, responsável de produção na Coltec. Com esta nova protecção de colchão é possível também memorizar todas as alterações de posição durante a noite.

O protótipo do projecto (uma versão do protector do colchão em tamanho miniatura), foi apresentado pela primeira vez no MODtissimo no ano passado, e entretanto já passou pela Techtextil, em Frankfurt, e por vários showcases de inovação, tanto em Portugal como nas principais feiras internacionais. “Tem sido bem aceite. É interessante ver a reacção das pessoas nas feiras, como é um conceito bastante novo cria muitas perguntas e sugestões”, descreve o responsável técnico.

Contudo, apesar do sucesso deste primeiro protótipo, a equipa da Coltec prefere ser cautelosa em fazer projecções. “É uma tecnologia muito recente, neste momento não temos equipamentos que nos permitam produzi-lo de forma contínua”, afirma Francisco Fernandes. “As matérias-primas são ainda muito caras e difíceis de trabalhar, mas quem dominar esta tecnologia pode ter muito sucesso”, acrescenta Célia Silva.

De qualquer das formas, toda a equipa tem a certeza que o protector de colchão é apenas a primeira de muitas possibilidades. “Aqui utilizamos sensores de pressão, mas podemos fazê-lo com sensores de temperatura, por exemplo. E pode ser utilizado não só em têxteis-lar, mas também no calçado e no vestuário, tanto para a área da saúde, como para o desporto de alta competição ou até para a moda”, afirma Francisco Fernandes. São muitas as hipóteses, mas por enquanto a empresa está focada em mostrar este primeiro produto. “Estamos a estudar diferentes hipóteses, a perceber o que o mercado nos diz e depois vamos pensar próximos passos”, conclui o responsável técnico da Coltec.