Bebiana Rocha
O consórcio TexMaTer, focado no desenvolvimento de novas soluções têxteis a partir de biomassa marinha e terrestre, já arrancou com trabalhos. Ao todo são 16 parceiros, de seis nacionalidades diferentes, a trabalhar para minimizar o impacto ambiental da indústria têxtil e vestuário.
Da ala portuguesa estão envolvidas as empresas: BlueBioAlliance, A4F, JF Almeida, HeiQ Iberia, Inovafil, Confetil, Mi Casa es tu Casa, CITEVE e o Município de Famalicão. “Vamos trabalhar em diferentes frentes para melhorar a sustentabilidade nos processos têxteis. Queremos colmatar o excesso de fibras sintéticas e de fibras como o algodão que gastam muita água” resume Ana Gonçalves, do CITEVE.
As novas fibras celulósicas vão ser criadas a partir de resíduos de agricultura, algas e têxteis pós consumo. “As algas e os resíduos agrícolas são fontes de biomassa, não só importantes para produzir celulose, mas também fonte de compostos com bioatividade que podem servir para funcionalizar o nosso têxtil e dar-lhe cor”, aprofunda Ana Gonçalves.
O CITEVE está como líder e coordenador do projeto, dentro dos nove workpackages delineados o Centro Tecnológico tem a responsabilidade de desenvolver as formulações com a HeiQ Iberia e os demonstradores. “Mas vamos estar em todas as áreas. Temos capacidade dentro de portas para trabalhar todas as áreas de inovação, desde as linhas piloto de reciclagem, fiação, produção de estruturas a uma unidade piloto de tingimento e funcionalização têxtil”, concretiza.
“Trata-se de mais uma participação de elevado relevo, num projeto Europeu, no qual, vamos ter oportunidade de desenvolver e testar novos materiais, com parceiros nacionais e internacionais”, comenta de seguida Rui Martins, Administrador da Inovafil, ao T Jornal. A empresa de fiação prestará apoio técnico na produção de novas fibras, assim como na prototipagem e produção de fios. “Além do projeto em si perdurará o networking com todos os parceiros do consórcio”, realça.
A JF Almeida mostra-se igualmente entusiasmada com arranque do projeto. “É uma nova oportunidade para sairmos da nossa zona de conforto e podermos interagir com empresas e institutos de renome, em diferentes contextos geográficos e setoriais”, diz Mariana Gomes, energy manager.
A ‘Casa dos Têxteis-lar’ vai prestar o seu contributo no WP5 como demonstradores industriais para o sector têxteis-lar, nas áreas de fiação, tecelagem e acabamentos. “No entanto, as nossas equipas de I&D estarão ativas em todos os pacotes de trabalho: processamento de fibras têxteis pós consumo (WP2), ensaios e testes à escala laboratorial de fibras e fios na nossa unidade de fiação (WP3) e das novas bio formulações desenvolvidas pelos parceiros na unidade de tinturaria e acabamentos (WP4).
A Mi Casa es tu Casa também está em mais do que um workpackage: “com a crescente aposta e foco em matérias-primas certificadas e mais sustentáveis abraçamos o projeto TexMater para a obtenção de novas soluções têxteis a partir de biomassa marinha e terrestre”, introduz Vanessa Silva, head of product development, ao T Jornal.
Entre os focos de trabalho da empresa de Moreira de Cónegos estão: recolha de resíduos têxteis resultantes do processo produtivo e produtos defeituosos, definição de uma cadeia de valor para os fluxos têxteis e design de demonstradores finais para têxteis-lar. Nesta última inclui-se a conceção de demonstradores para mercados de têxteis-lar à luz do eco-design, desenvolvimento de tecidos e avaliação dos mesmo em ambientes relevantes.
A ordem de trabalhos inclui ainda estudos de mercado, análise à segurança e sustentabilidade das alternativas encontradas e disseminação das atividades em curso. A data de conclusão prevista é agosto de 2028.