03 outubro 19
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Modtissimo diz não à crise e mostra que pode não haver crise

O número recorde de compradores estrangeiros é uma das notas dominantes da edição 54 do MODtissimo, que decorre sob o signo da sustentabilidade e encerra hoje as portas às 19h00 na Alfândega do Porto.

“O ambiente tem sido positivo, apesar do clima de incerteza em que se vive. Percebe-se que o mercado está muito instável mas isso não impediu uma subida de 15% no número de visitantes profissionais estrangeiros, enquanto que os número de compradores nacionais se manteve estável, em linha com o ano passado”, nota, em jeito de balanço do MODtissimo 54, Manuel Serrão, o CEO da Selectiva Moda, a associação que promove o certame.

Espanha, França, Alemanha e Rússia são os países de origem da maioria dos cerca de 400 visitantes profissionais, de doze diferentes nacionalidades, atraídos ao Porto pelo único salão português da fileira da moda.

A sustentabilidade é o tema edição do MODtissimo e também o maior denominador comum que abrange as propostas das 400 coleções em exposição na Alfândega.

“A preocupação com as questões ambientais e a sustentabilidade é transversal a todos os presentes – expositores e compradores. Somos uma nova comunidade, toda na mesma onda verde”, observa Manuel Serrão – que na foto, com no onze da Selectiva Moda, veste e uma t shirt com a imagem sustentável do MODtissimo 54 feita pela Gulbena, que foi usada pelo pessoal dos parques e transfers da feira.

A sustentabilidade foi o alfa e ómega do salão, sendo que neste 2ª edição do Green Circle – ao invés do que sucedeu na estreia – a participação não foi feita por convite, mas sim por concurso, sendo que muitas propostas tiveram de ficar de fora pois excediam a lotação da sala.

Todo o espaço disponível na Alfândega está ocupado pelo MODtissimo, que se espraia por uma área de seis mil m2 que compreende uma das novidades desta edição – o See Now Buy Now Market, um espaço aberto ao público, onde estão à venda roupa e acessórios de 40 marcas.

O aeroporto Francisco Sá Carneiro acolherá, como já se tornou habitual, a primeira edição do ano do MODtissimo, agendada para 19 e 20 de fevereiro de 2020.

 

O que dizem os expositores

“O MODtissimo é uma feira muito relevante, que já se tornou uma referência a nível global”, garante António Cunha, sales manager da Orfama, empresa que marca presença em todas os grandes certames internacionais, como a Première Vision Paris, a Munich Fabric Start e a Pure London.

O 37,5, uma malha técnica que mantém a temperatura do corpo a 37,5º independentemente de fazer calor ou frio, de se estar no pino do verão ou do inverno, foi uma das novidades que a Orfama trouxe ao MODtissimo.

“No que nos diz respeito, notamos nesta edição uma grande concentração de clientes espanhóis e russos, bem como de agentes portugueses que fazem a ponte com marcas internacionais”, conclui Cunha.

“O nível de afluência ao nosso stand foi idêntico ao da edição anterior”, salienta Baltasar Lopes, responsável pela Albano Morgado, acrescentando que não faz sentido falar em crise, mas em mudança, e que as nossas empresas não têm outro remédio senão adaptar-se a ela.

“Tivemos uma média dez a doze por dia contactos por dia, alguém deles bastante promissores, como um que mantivemos com uns traders de Barcelona. E fomos muito procurados para produzir em regime de private label”, relata Ricardo Santos, responsável pela exportação da Blue Kids.

“Fizemos alguns contactos interessantes, mas nunca se sabe no que é que vão dar”, conta, prudente, Pedro Miranda, 31 anos, CEO da Socorte, uma empresa do Porto especializada em fitas e acessórios, que presta serviço às confecções.

“As feiras são importantes porque ajudam a disciplinar-nos”, acrescenta o neto de Manuel Miranda, que há 40 anos exatos fundou a Socorte, empresa que trouxe ao Modtisismo uma oferta alargada de produtos.

“Este ano temos sentido o mercado muito instável, e para compensar alguma quebra nas vendas dos produtos mais habituais temos apostado na apresentação de uma oferta mais diversificada, com produtos complementares”, explica o CEO da Socorte que espera fechar este ano com um volume de negócios em linha com os 1,5 milhões de euros faturados em 2018.

“As feiras não são para fazer negócio, mas para reencontrar os clientes, reavivar relações, apresentar as novidades e fazer novos contactos. Nesse capítulo temos sentido muita curiosidade e interesse nos nossos produtos”, afirma Luís Alemão, fundador e CEO da Teamstone.

O grande interesse e curiosidade despertados pelos produtos da Teamstone não são alheios ao facto de uma das vertentes da actividade da empresa da Maia ser a representação para Portugal da linha Recover de fios reciclados produzidos em Alicate pela Hilaturas Ferro.

“Há 25 anos que a Hilaturas Ferro pega em restos das confecções e reconverte-os em novas fibras, num processo que não podia ser mais ecológico, pois não implica o gasto de uma única gota de água nem de uma grama sequer de produtos químicos”, garante Luís Alemão, que trouxe à Alfândega um conjunto de ofertas totalmente alinhadas com o tema verde desta edição do MODtisismo – a sustentabilidade.

“A manhã foi muito calma, mas a tarde já esteve muito mais movimentada”, confessa Márcia Nunes, comercial da Tabel, que está apresentar duas novidades, estampados com ácidos e focagens, que são os únicos a produzir no nosso país.

A Tabel concluiu um investimento de seis milhões de euros em equipamento e instalações, que lhe permite apresentar produtos tão inovadores como estes estampados e, ainda, triplicar a capacidade produtiva.

“Não está fácil. Mas apesar do ano estar incerto, viemos para o MODtissimo com expectativas altas. Somos muito persistentes”, afirma a comercial da Tabel, acrescentando que a última Première Vision correu bem – “tivemos um número de pedidos idêntico ao do ano passado”.

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