T44 - Junho 19
Empresa

Um laboratório sem costuras

Criada em 2008 para ser uma célula comercial, cujo grosso do negócio estava na revenda de peças básicas em volume para grandes retalhistas, rapidamente a Oldtrading percebeu que o futuro estava na autonomia e na produção própria, e não tardou muito até virar a agulha para os produtos mais técnicos

António Moreira Gonçalves

Rui Gordalina orgulha-se de ver na Oldtrading não apenas uma confecção, mas uma espécie de “empresa-laboratório”, onde inovar se tornou quase tão importante como produzir ou vender. “Quando se fala em inovação, não basta dizer que estamos disponíveis para inovar, concerteza que todos estão disponíveis, mas é preciso materializar isso”, começa por explicar o fundador e administrador da empresa de Famalicão especializada na tecnologia Seamless, o vestuário sem costuras.

Quando foi criada, em 2008, o perfil da Oldtrading era, no entanto, bem diferente. No desenho inicial, a empresa era apenas uma célula comercial, e o grosso do negócio estava na revenda de peças básicas em volume para grandes retalhistas, como o grupo Auchan, que ainda hoje integra a carteira de clientes da empresa.

Rapidamente a Oldtrading percebeu que para crescer precisava de autonomia e capacidade de produção própria. Assim, em 2011 abre-se à indústria, compra os primeiros teares e cria uma confecção de raiz, com toda a tecnologia orientada para o seamless, cuja procura não parava de aumentar.

Mesmo com a crise internacional e a chegada da Troika, as vendas continuaram a crescer a uma média de 20% ao ano. No entanto, o mercado lançava sinais que eram impossíveis de ignorar e em 2013 a empresa decide jogar na antecipação. “Quem trabalha com produtos básicos tem margens muito pequenas, sofre uma pressão enorme e vai agoniando ao longo do tempo. Tínhamos de dar o salto”, relembra o empresário.

A Oldtrading virou assim a agulha para os produtos mais técnicos. Para dar esse salto, o primeiro passo consistiu na especialização dos recursos humanos. “Inovar é transformar dinheiro em conhecimento, e isso só é possível com uma equipa qualificada”, explica Rui Gordalina. A maior prova desta mudança é o DIEP – Departamento de Investigação e Engenharia do Produto, um gabinete exclusivamente dedicado a desenvolver novos produtos, onde hoje trabalham seis pessoas, entre designers e técnicos especializados. “Representa 12% da nossa equipa, não é costume uma empresa ter tanta gente dedicada à I&D”, sublinha.

Esta estratégia abriu portas a novos mercados, como o sportswear, o vestuário de modelação ou o pré-mamã. Peças de compressão que combatem a fatiga muscular ou modelos adelgaçantes com propriedades anti-celulite são algumas das tecnologias criadas pela empresa, numa aposta que permitiu reduzir o peso das peças mais básicas e aumentar a presença nos mercados externos, que hoje representam 95% de toda a facturação.

Agora, com um catálogo cada vez mais variado, a Oldtrading não fecha a porta à possibilidade de saltar do Private Label para as vendas ao público, mas Rui Gordalina prefere avançar com cautela. “Não excluímos a hipótese de criar uma marca própria, mas não podemos esquecer a nossa vertente industrial. Só colocamos um pé à frente quando já temos o outro bem assente no chão”, assegura.

A Empresa

Oldtrading
Rua D. Afonso Henriques, 97
4770-076 Cabeçudos, Vila Nova de Famalicão

O que faz? Confecciona vestuário seamless para mercados como o underwear, o desporto, a modelação e o pré-mamã Fundação 2008 Trabalhadores 50 Principais Mercados Noruega, Suécia, Holanda, Inglaterra, França e Espanha  Volume de negócios 1,5 milhões de euros

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