T45 Julho & Agosto
Empresa

O pas de deux de Luís e Adão

Em 2011, ainda em plena crise internacional, Luís Guimarães, um apaixonado pela dança com uma carreira nos têxteis, juntou-se a Adão Coelho para criarem a Ballet Rosa, uma marca especializada em fatos de ballet. Em pouco tempo convenceram o Danza in Fiera e a Paris Bella Opera, e atualmente já tem bases sólidas tanto na Europa como nos Estados Unidos. O gigante mercado chinês é o próximo passo.

T

Quando no ano da Expo de Lisboa resolveu aprender a dançar, Luís Guimarães não fazia a mínima ideia de como essa pequena decisão lhe iria mudar a direção da sua vida. Tinha 30 anos e o amor pela salsa, o merengue e chá-chá-chá foi à primeira vista. “A dança é uma disciplina que exercita o corpo e a mente, além de estimular a sincronização de movimentos”, explica o empresário, que no momento do coup de foudre era dono de uma agência têxtil (Vence), que trabalhava com diversas marcas estrangeiras, comprando matérias primas e colocando e controlando a produção das peças.

Luís – que debutou nos trapos com 18 anos, numa empresa de tecelagem e acabamentos do grupo Magalhães – não demorou a pressentir na dança um potencial de negócio e logo pôs o nariz no ar, em busca de oportunidades para casar a nova paixão com a sua profissão.

Por altura da viragem do milénio, uma pesquisa na net pô-lo em contacto com um francês baseado em Londres que tinha uma marca de fatos de ballet – Wear Moi – e precisava da ajuda a montante. Juntou-se a fome (do francês) à vontade de comer (do Luís) pelo que logo estabeleceram uma parceria para o relançar a marca.

Durante cerca de oito anos, entenderam-se como Deus com os anjos, O Luís tratava da criação e produção da coleção. O francês encarregava-se da venda. Só que esta união de facto não aguentou o vendaval da crise que se seguiu à falência da Lehman Brothers.

“O francês pegou nos moldes e levou a produção para a Tunísia”, conta Luís, que após esta saída à francesa do seu parceiro empreendeu um travessia do deserto que durou um bom par de anos, em que foi consultor da AEP e investiu na sua formação, designadamente no aperfeiçoamento do conhecimento de línguas estrangeiras (é fluente em espanhol, francês, italiano e inglês).

Feito o luto de um divórcio feio, no início desta década resolveu voltar aos fatos de ballet, neste segundo fôlego com marca (Ballet Rosa) e produção próprias – e um sócio mais fiável, Adão Coelho, com quem trabalhara na fase Wear Moi (a produção dos fatos era numa empresa do tio, que no entretanto fechara).

“Compramos as máquinas ao tio do Adão e arrancamos com oito pessoas”, recorda Luís. Os primeiros passos não foram fáceis. O céu estava carregado de nuvens. 2011 foi o ano do desembarque da Troika, mas a Ballet Rosa não tardou a sentir os primeiros raios de sol. Em 2012, dois acontecimentos, um em Florença e outro em Paris, aqueceram a alma dos dois sócios.

Em Florença, a participação da Ballet Rosa na Danza in Fiera correu muito bem. E na capital francesa, Luís foi apresentado a Isabelle Ciavarola, estrela do Paris Ballet Opera, um encontro que foi o início de uma bela amizade.

“A Isabelle tinha o sonho de criar uma linha, mais parisiense, muito ousada, com um tipo de produto que não existia no mercado, e nós ajudamo-la a concretizar esse sonho, obtendo em contrapartida enormes ganhos de imagem”, conta o fundador da marca portuguesa de fatos e acessórios para ballet – que depois de ter estabelecido bases sólidas nos Estados Unidos e Europa se prepara para alargar a sua presença no gigantesco mercado chinês.

A Empresa

Rua da Peça 1
Ronfe
4809-017 Guimarães

O que faz? Design e confecção de fatos de ballet Exportação 95% da produção para 23 países Principal mercado Estados Unidos da América (tem uma base comercial em Chicago) Aposta estratégica China e outros mercados do Oriente (Japão, Coreia do Sul, etc) Projecto Criar uma escola de dança em Guimarães Trabalhadores 70 pessoas envolvidas no negócio

Partilhar