T43 - Maio 19
Empresa

Na Trifitrofa há de tudo como na farmácia

Fundada por três sócios, Jaime Azevedo, Gabriel Silva, e Alfredo Azevedo, a Trifitrofa é uma das principais fornecedoras de fio para a têxtil nacional.

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A possibilidade de fazer amostras de um dia para o outro (ou até para daqui a um bocado), que é uma das grandes vantagens competitivas da nossa ITV, fica a dever-se à Trifitrofa. “Prestamos um serviço à indústria têxtil. Acho que toda a gente que gasta fios tintos é nossa cliente”, explica Jaime Azevedo, 44 anos, filho do Jaime Azevedo que com 75 anos acabados de fazer ainda se encarrega da parte financeira da empresa que fundou em 1982.

Como o próprio nome indica, a Trifitrofa foi criada por três sócios (Jaime Azevedo pai, Gabriel Silva, e Alfredo Azevedo, que no entretanto abandonou o barco) – Tri – comercializa fios – fi – e é da Trofa.

Nasceu num pequeno espaço (50 m2), dedicando-se ao reaproveitamento e valorização de restos de fios, que limpavam, rematavam e embalavam para vender a malheiros e fabricantes de meias. Hoje, ocupa 10 mil m2 e tem um stock de fios avaliado em dez milhões de euros, que é uma das armas secretas do sucesso da nossa têxtil.

Curiosamente o grande salto em frente da Trifitrofa está ligado a um acontecimento que usualmente tem conotação negativa – o abandono precoce dos estudos por parte do jovem Jaime Azevedo, que até tinha sido bom aluno, com jeito óbvio para o desenho, mas que preferiu começar logo a trabalhar, em vez de cursar Belas Artes (talvez assustado pelo horário excessivamente madrugador da partida da Trofa do comboio que o poria no Porto a tempo das aulas…)

“Dou-te uma semana para pensares”, respondeu o Jaime pai quando o Jaime filho lhe anunciou que não queria estudar mais. Como não mudou de ideias em sete dias (facto de que não se arrepende), o jovem Jaime começou a trabalhar nas limpezas no pequeno armazém, aprendendo um negócio que viria a transformar com um inesperado toque de Midas.

“Quando comecei a levar fio aos clientes apercebi-me de que é o mercado precisava. os clientes tinham um serviço como deve ser. Se de um momento para o outro precisavam de saco de azul royal não tinham para onde se virar”, explica o CEO da Trifitrofa.

Os primeiros passos do grande salto em frente começaram a ser dados, por altura da viragem do milénio, no T2 onde Jaime e Ângela (casaram no ano 2000) viviam e faziam à mão os primeiros cartazes agrafados e com 20 cores. Agora, a Trifitrofa tem um departamento que faz centenas de catálogos por mês, com uma paleta de mais de 200 cores – e diferentes mesclas.

Os frutos desta estratégia não demoram a aparecer. As vendas dobravam de ano para ano (de três para seis, de seis para 12 milhões…). O sucesso não passou despercebido á Exame que em 2007 distinguiu a Trifitrofa como a melhor PME têxtil.

As parcerias são outro dos segredos deste sucesso. “Temos parcerias com tinturarias, a quem garantimos um determinado volume de trabalho. Nós não metemos na indústria e elas nas se metem no comercial. E temos parcerias com os fornecedores de fio cru, do Paquistão, India ou Turquia. Eles dão-me a exclusividade para a Europa e eu dou-lhes o conforto da produção”, conta Jaime Azevedo, o empresário que tem o dom de adivinhar o que os clientes precisam – e o orgulho de todas as transformações do fio que vende serem feitas em Portugal.

A Empresa

Trifitrofa
Rua Teófilo Braga 115
Gandra, S.Martinho do Bougado
4786-909 Trofa

O que é? “O maior armazém de fios tintos do mundo” Stock 2 500 toneladas de fio  Área coberta  10 mil metros quadrados Clientes Mais de 500 ativos Certificações GOTS, Oeko-Tex e BCi Trabalhadores 28  Volume de negócios 30 milhões de euros

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