T41 Março 19
Dois cafés & a conta

António Freitas de Sousa

Criar formações 4.0
"Precisamos de técnicos intermédios, modelistas e gestores de produto"
Criar uma nova imagem
"Quero fazer desaparecer aquela ideia de que estamos a formar costureiras"
José Manuel Castro

O emprego dos outros é o que o faz correr. José Manuel Castro, o novo diretor executivo do Modatex, tem uma longa carreira no Instituto de Emprego e Formação Profissional e agora quer colocar todo esse conhecimento numa nova missão: aproximar o centro de formação das empresas do sector.

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quilo que faz vê-se nos números que espantaram até os mais atentos supervisores dos avatares das economias dos Estados-membros lá dos gabinetes da Rue de la Loi, 170, Bruxelas: a integração de pessoas desempregadas em colaboração com os centros de emprego e a sua colocação nas rotas da produtividade, de que resultou uma assinalável descida das taxas de desemprego – um dos orgulhos nacionais pós-Troika e fator necessário (mas não suficiente) para elevar um economista quase desconhecido, Mário Centeno, à categoria de Sr. Moeda Única.

José Manuel Castro, o novo diretor executivo do Modatex, partilha esse orgulho com a serenidade dos que sabiam já antes que isso seria possível – e só não o é mais porque há burocracias e inibições decorrentes de leis desajustadas da realidade que impedem que as boas ideias acrescentem eficácia às ferramentas de transformação social.

É a procura dessa eficácia – que pode ser a linha de fronteira entre uma taxa de desemprego aceitável e o pleno emprego – que o faz correr: tantos anos depois de ter assumido responsabilidades no Instituto de Emprego e Formação Profissional (em 1998), decidiu que deixar o Modatex seria uma espécie de traição àqueles que procuram no trabalho a dignidade da sobrevivência.

O objetivo de tornar o centro de formação da indústria têxtil mais inclusivo – sem esquecer que a autossuficiência orçamental é uma condição difícil mas necessária – através de novas metodologias de ensino e de uma oferta formativa adaptada o mais possível em tempo real às necessidades industriais, é central para o novo diretor.

Está no sítio certo para isso: presidente do Conselho de Administração até há pouco (por via do IEFP), a condição de diretor atribui-lhe funções executivas que lhe permitem ter na mão o comando geral do Modatex e dos cerca de oito milhões de euros que cumprem a função de orçamento. Não é muito, diz, mas é o que há.

José Manuel Castro tem em vista atingir, entre outros, dois objetivos essenciais: “quero fazer desaparecer aquela ideia de que estamos a formar costureiras” e “pretendo que o Modatex seja o centro de formação das empresas e para as empresas”. Ou, dito de outra forma, a formação do centro terá de ser cada vez mais dedicada e dirigida – com a formação intra-empresa a assumir um papel preponderante, a par dos cursos que resultem das especificidades da indústria.

Nada de novo, é certo, mas José Manuel Castro está convencido de que esse é caminho – não só porque a indústria 4.0 já não é só uma ficção, mas também porque há cada vez mais procura do centro por parte de quem quer acrescentar competências próprias e não apenas por quem precisa de escapar ao desassossego do desemprego. “Precisamos de técnicos intermédios, precisamos de modelistas, de gestores de produto, de gestores de qualidade” e não de costureirinhas e de outros trabalhos menores, que já não fazem parte do cardápio de necessidades da indústria.

Perfil

Licenciou-se em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) em 1982 e a sua carreira desenvolveu-se sempre em torno da psicologia da formação profissional. A sua primeira ocupação profissional foi na Escola Fontes Pereira de Melo, onde encontrou o ex-ministro da Educação José Augusto Seabra e passou pelo Centro de Formação Profissional do Sector Terciário/IEFP (1988), pela Associação Empresarial de Portugal. Entre 1998 e 2010 ocupou funções de dirigente do IEFP, que representou desde o nascimento do Modatex.
Da recriação desportiva que nunca abandonou – foi atleta de andebol, hóquei e voleibol – ficou-lhe a ideia de que o trabalho de equipa, mais que uma solução, é um esteio de eficácia. Muitos anos mais tarde, voltaria a precisar dela quando se aventurou nos Caminhos de Santiago – mas quando deitou os pés à etapa francesa descobriu os benefícios da contemplação interior.
Com uma filha enfermeira e um filho licenciado em Educação Física, é à mulher, chefe de escala operacional na Groundforce, a quem pede ‘emprestado’ o seu modo de vida: aviate, navigate, comunicate.

RESTAURANTE
Dona Lurdes

Avenida António dos Santos Leite, 265, 4470-142 Maia

Entradas: pataniscas de bacalhau, sopa de legumes Prato: Polvo com arroz seco e secretos de porco Sobremesa: Abacate e mousse de chocolate Bebidas: Água e Quinta do Castro Branco  (Douro)

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