T44 - Junho 19
Dois cafés & a conta

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O sucesso lá fora
“Aprendi que o caminho certo era a exportação e os produtos cada vez mais técnicos”, resume o CEO da Lipaco
O caminho verde
Sustentabilidade, a palavra mágica para quem quer ter futuro na têxtil, está no topo da lista de prioridades da Lipaco
Jorge Pereira

Livrem-se de se lhe meter uma ideia na cabeça! A família, que o conhece melhor que ninguém, está sempre a deixar este aviso, urbi et orbi, para que ninguém seja apanhado desprevenido. Se uma ideia se mete na cabeça de Jorge Pereira é certo e sabido que ele não vai parar enquanto não a concretizar

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culpa por a ideia da Lipaco se lhe ter metido na cabeça é do pai, Adélio (de quem ele herdou a irrequietude e o espírito empreendedor), que numa feira comprou uma máquina que achou muito interessante e instalou-a numa armazém que tinham junto a casa deles, em Esposende. Coca-bichinhos como é, Jorge não descansou enquanto não pôs a máquina que lhe mudou a vida a fabricar linhas de costura. Foi há 32 anos.
Os primeiros 18 anos decorreram suavemente, sem solavancos, com a Lipaco a vender linhas de costura no mercado interno, a uma indústria de confecções que prosperava despreocupada até que, já neste século, foi violentamente sacudida por dois terramotos – a adesão da China à OMC e a crise da dividas soberanas que trouxe a Troika a Portugal.
“Nessa altura foi para mim muito claro que tínhamos de procurar alternativas, de modificar a oferta de produtos e encontrar novos mercados”, recorda Jorge Pereira, que almoçou connosco num intervalo de uma hora da sua presença como expositor na Techtextil, preferindo a Coca Cola à cerveja para se manter bem desperto durante a tarde – e prescindindo do café para não perturbar uma boa noite de sono após um sempre cansativo dia de feira.
Para ultrapassar a crise que atingiu a Lipaco no início da idade adulta, comprou equipamentos para começar a fazer fios (e assim a alargar a oferta), pegou na mala e correu mundo, de feira em feira, à descoberta de novos destinos que substituíssem o exangue mercado doméstico – e também para perceber que tipo de produtos pediam os clientes.
“Aprendi que o caminho certo era apostar na exportação e em produtos cada vez mais técnicos”, resume o CEO da Lipaco, que conclui no próximo mês um investimento de 1,8 milhões de euros que duplica a capacidade instalada da fábrica.
Sustentabilidade, a palavra mágica para quem quer ter futuro na têxtil, está no topo da lista de prioridades da Lipaco, com um sucesso que pode ser medido pelo facto da Messe Frankfurt a ter incluído no restrito quadro de honra de 41 empresas (de um total de 1 818 presentes na Techtextil) com boas práticas nesta área.
Depender cada vez menos de terceiros é outras das preocupações, que levou a Lipaco a investir na tinturaria e em laboratórios. “Percebemos que para reduzir os tempos de entrega aos clientes e garantir a qualidade dos nossos produtos não podíamos recorrer à subcontratação”, explica.
A Lipaco está no bom caminho. Exporta 45% das suas vendas de 2,6 milhões de euros, e 30% da produção já é de fios técnicos. Mas tem como objetivo de curto prazo exportar metade do seu volume de negócio e fazer crescer o peso dos fios técnicos. “O que nos interessa é ter cada vez mais produtos com mais-valia e cada vez menos commodities”, diz Jorge Pereira, um empresário que quando se lhe mete uma ideia na cabeça…

Perfil

Sonhou ser controlador aéreo, mas chumbou no exame. A seguir quis ser piloto, passou em todos os testes, mas, na hora da verdade, desistiu - pressionado pela mãe, que estava sempre a dizer-lhe que era uma má profissão, já que não podia ter família, pois andaria sempre a voar de um lado para o outro. Firmou os pés na terra e inscreveu-se no ano zero do curso de Gestão da Católica no Porto, onde andava (entusiasmado com uma rádio pirata, nos tempos livres) quando o pai, Adélio comprou uma máquina de fazer linhas de costura. Estávamos em 1987 e ia nascer a Lipaco. Jorge Pereira nasceu em 1964, em Lourenço Marques (onde o pai trabalhava numa cimenteira do grupo Champalimaud), de onde veio com dois anos e meio. Fez uma escala na Trofa (onde a família da mãe tinha uma mercearia e ele aprendeu com a avó Maria o ofício do comércio), antes de deitar âncora em Esposende. Casado com uma fisoterapeuta, têm uma filha de 21anos, que fez Gestão na Católica

RESTAURANTE
Piazza

Hall 4.1.7 Messe Frankfurt Ludwig Erhard Anlage 1 Frankfurt am Main

Prato Pizza quatro queijos Bebidas Cola Cola, cerveja Becks e um café

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