T78 - Dezembro 22
Dois cafés & a conta

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De volta ao CITEVE
Para coordenar a execução técnica do projeto GIATEX
Jornal Público
“um dos rostos que querem mudar o futuro do planeta”
Ana Luísa Gonçalves

De volta ao CITEVE para coordenar a execução técnica do projeto GIATEX (Gestão Inteligente da Água na Indústria Têxtil e Vestuário) - apoiado com 22,6 milhões do PRR - é mestre em Bioengenharia e doutorada em Engenharia Química e Biológica pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, integra a prestigiada World’s Top 2% Scientists List 2022.

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sorriso doce combina com o ar franzino e cara de menina. Ana ainda tem toda uma vida pela frente, mas carrega já consigo um currículo de peso. De volta ao CITEVE para coordenar a execução técnica do projeto GIATEX (Gestão Inteligente da Água na Indústria Têxtil e Vestuário) – apoiado com 22,6 milhões do PRR – é mestre em Bioengenharia e doutorada em Engenharia Química e Biológica pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, integra a prestigiada World’s Top 2% Scientists List 2022, galardoada com a Medalha de Ouro da L’Oreal Portugal para Mulheres na Ciência, e foi apresentada recentemente pelo jornal Público como um dos “rostos que querem mudar o futuro do planeta”.

Agora, o seu papel é coordenar a execução técnica do projeto que procura caminhos e soluções para que a têxtil reduza em 40% os consumos e água e também em 30% a produção de gases com efeito de estufa. São estas as principais metas do GIATEX, projeto que envolve doze empresas têxteis, oito entidades do sistema de investigação e inovação, dois municípios, e ainda cinco empresas de outros ramos de atividade.

“Reduzir os consumos de água tem não só que ver com um imperativo ambiental e com a disponibilidade recursos, mas é também hoje uma exigência de mercado”, avança a investigadora, explicando que o objetivo último do projeto é ajudar as empresas da área de enobrecimento têxtil – tinturaria, estamparia e acabamentos – a reduzir a utilização de água mas também o consumo de energia, gás e combustível. Um plano que “assenta numa estratégia abrangente com várias linhas de investigação”, com diversas atividades que estão já em andamento.  

“Primeiro é preciso recolher dados nas empresas, fazer o diagnóstico dos processos, consumos e necessidades, e a partir daí avançar para linhas de investigação específicas, que tanto podem conduzir à criação de mecanismos de apoio à gestão como a novos métodos de enobrecimento. E com menos utilização de água, baixa também o consumo de energia, gás ou combustível, reduzindo em consequência a emissão de gases com efeito de estufa”, conclui. 

Ana Gonçalves aponta tanto à envolvência das unidades de investigação na área tecnológica que levem criação de um software específico que leve à eficiência através da automatização de processos, como a novas técnicas de tingimento e de tratamento de efluentes que conduzam à reutilização da água.

A investigadora que antes tinha já estado na Madeira, na ilha de Porto Santo, a colaborar com uma empresa que se dedica à produção de microalgas para a área cosmética, aponta igualmente ao recurso a tingimentos com pigmentos naturais como alternativa aos corantes sintéticos (derivados do petróleo) e ao uso de novas tecnologias no tratamento dos efluentes. 

O seu primeiro contacto com o CITEVE e o mundo da têxtil foi através do projeto mobilizador Texboost. Nas suas investigações, Ana Gonçalves tem analisado a exploração de recursos marinhos na indústria têxtil, designadamente o recurso a algas para tingimentos e também as microalgas no tratamento de efluentes, matéria sobre a qual se debruçou na investigação que conduziu à tese de doutoramento. 

A investigadora tem demonstrado que as microalgas conseguem capturar o gás carbónico da atmosfera – um dos principais gases com efeito de estufa – e podem ser usadas como uma espécie de glutões no tratamento de efluentes industriais. E quem não se lembra dos glutões que no anúncio do detergente engoliam a sujidade das roupas?

Perfil

Ana Luísa Gonçalves
33 anos
Investigadora do Departamento de Tecnologia e Engenharia do CITEVE, a coordenara técnica do projeto GIATEX fez o secundário em Riba d’Ave (Didaxis) e perante a dúvida entre ciências e saúde, a Bioengenharia (FEUP) pareceu-lhe melhor corresponder à sua paixão pela investigação. E não se enganou. Dedicou-se ao estudo sobre a utilização de microalgas no tratamento de efluentes da indústria, que a conduziu ao doutoramento, e com isso tornou-se numa das cientistas mais citadas em todo o mundo. José Morgado (Diretor do Departamento de Tecnologia e Engenharia do CITEVE) estava a tento, e Ana está hoje ao serviço dos projectos de sustentabilidade da indústria têxtil.

RESTAURANTE
Bar do CITEVE

Rua Fernando Mesquita 2785 

4760-034 Vila Nova de Famalicão

Pequeno-almoço (com moedas, através da máquina de vending): Café com leite, sumo de laranja, garrafa de água, madalena e pacote de bolachas.

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