O imperativo da competitividade
T9 Maio 2016

João Costa

Presidente da ATP
A

questão central da economia portuguesa é a competitividade. Como consequência dos seus  fracos níveis de competitividade, a nossa economia tem evidenciado fortes desequilíbrios estruturais, designadamente um elevado défice nas transações com o exterior, de que resultou um volumoso endividamento externo, crescimento anémico, elevados níveis de desemprego, baixos níveis de rendimento, elevado défice das contas públicas e uma gigantesca dívida pública.

A volumosa dívida externa bruta – pública e privada –, superior a 450 mil milhões de euros, retira todos os anos cerca de 20 mil milhões de euros da economia, em rendimentos (juros, dividendos e outros) pagos ao exterior.

Se os 20 mil milhões de euros anuais ficassem no país, seriam naturalmente convertidos em consumo, investimento e poupança, o que permitiria dar um grande contributo para o crescimento da economia e, por efeito dele, para a redução do desemprego, do défice das contas públicas, do stock de dívida pública e dos custos de financiamento.

Perante esta realidade, que tudo condiciona e obstaculiza, a principal preocupação dos Governos, e de todos os agentes políticos, económicos e sociais, deveria ser a de eleger a competitividade como um dos seus principais e inadiáveis desafios. Mas, uma competitividade real, efetiva, estrutural, sustentável, impulsionada por um sistema educativo e formativo capaz de qualificar os cidadãos para as exigências da economia globalizada; por um Estado, uma administração pública e um sistema de justiça eficientes; pela obtenção de custos energéticos e de todos os custos de contexto em níveis adequados de eficiência, e pela existência de estruturas de logística e de transporte que possibilitem rapidez e custos compatíveis.

Para se alcançarem bons níveis de competitividade, assentes na produtividade e na criação de valor – e não em baixos níveis de rendimento -, torna-se indispensável desenvolver, consistentemente, uma cultura de qualificação e exigência, que promova e valorize o mérito, que estimule e valorize a iniciativa e o empreendedorismo, que incentive a inovação e a criatividade. Torna-se necessário colocar o país num patamar de desenvolvimento comparável ao dos mais evoluídos do mundo, e em que os custos de funcionamento do Estado – moderno e eficiente.

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