DEVER CUMPRIDO
T48 - Novembro 19

Paulo Vaz

Diretor Geral da ATP
A

Convenção ITMF 2019, que decorreu no Porto, nos passados dias 20 a 22 de Outubro, reuniu mais de 370 congressistas, de mais de 30 países, tendo a delegação portuguesa ultrapassado as seis dezenas, constituindo assim um recorde de assistência e sendo considerado, por muitos, como a melhor edição de sempre.

Pelo programa e seus conteúdos. Pela qualidade dos palestrantes e suas comunicações. Pelo brilhantismo do “key speaker”, Paulo Portas, que traçou um quadro incerto e volátil do nosso mundo e do seu futuro imediato, que nos obriga a reflectir. Pela organização primorosa, atenta a todos os detalhes, preocupada em deixar a melhor imagem possível de uma indústria e de um país, que hoje se quer diferenciar sobretudo pela qualidade e pelo valor, em todas as suas manifestações.

Portugal não tem a maior indústria têxtil do mundo. Longe disso. Mal chegamos a 1% do total global, quando a China e a India asseguram mais de 65%. Só entre os congressistas da ITMF havia empresários que tinham 80 mil empregados e um deles tinha na sua empresa um volume de negócios consolidado que era mais de três vezes o de toda a fileira portuguesa.

Não podendo disputar o campeonato da escala, sobra-nos o campeonato da qualidade, da tendência e da inovação, onde não preside o preço, mas o valor. E neste campeonato estamos a classificar-nos cada vez melhor, pois somos cada vez mais distinguidos pelo facto de conservarmos o último reduto industrial têxtil da Europa, que funciona como “cluster”, que gera e aplica inovação tecnológica e criatividade, que garante que a produção é uma arte qualificada e que alinha cada vez mais com a sustentabilidade e a economia circular, demonstrando efetivamente esta realidade e não apenas invocando-a para ter boa comunicação.

Não competimos para sermos os maiores, mas competimos para sermos os melhores; e o mundo está a reconhecer-nos por isso.

Nos últimos sete anos a ATP fez o extraordinário esforço para trazer para Portugal os 3 maiores congressos mundiais do sector, no âmbito de um programa de fundo destinado a dar visibilidade ao “made in Portugal”, designado “Fashion From Portugal”: em 2012 trouxe o IAF (International Apparel Federation), em 2017 a conferência anual da Euratex, e agora em 2019, o ITMF (International Textile Manufacturers Federation).

Nem todos compreenderão o alcance desta iniciativa estratégica e dos investimentos efetuados para o efeito, embora, mesmo aqueles que disso desdenham ou subestimam, já hoje estejam a beneficiar com isso. E muito.

Desconhecemos o que o futuro nos trará, embora seja quase certo que os próximos anos serão mais difíceis e que uma nova purga no sector vai suceder, especialmente entre os que continuam a insistir nas velhas soluções para novos problemas.

Resta saber se todos os esforços realizados para nos promovermos serão suficientes, dentro e fora do país, para se reunirem as condições capazes de assegurar que um futuro positivo se continue a perfilar para a generalidade das empresas e do sector em geral.

Da nossa parte o dever está cumprido, há que esperar que os demais cumpram também o deles.

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