T47 - Outubro 19
Corte & costura

Júlio Magalhães

Não dormir ao volante
"(as feiras) São ainda o principal meio de dar visibilidade às marcas, mas temos de estar atentos e não adormecer"
Rui Maia

"Somos muitos criativos e versáteis em dar aos clientes várias soluções que necessitam e temos algumas marcas que começam a ter uma reputação internacional interessante, o que ajuda largamente a valorizar o setor", afirma Rui Maia, Internacional Sales Manager do Grupo Cães de Pedra

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omo é que o Grupo Cães de Pedra se está a dar com os ares de Vila do Conde depois da mudança de Guimarães para mais perto do mar?
Muito bem. Temos melhores condições e organização de trabalho e o facto de, quando temos oportunidade, poder ir almoçar e caminhar à beira mar a meio do dia é muito bom para carregar as baterias. O lado menos bom é a necessidade de fazer 100Km todos os dias, mas já faz parte da rotina…

A Lion of Porches é uma das marcas portuguesas de roupa com expressão no retalho de outros países. A aposta é para aumentar?
Sim. Embora seja um processo longo e estaremos cá para o fazer sobretudo seleccionando os melhores parceiros possíveis.

Como tem corrido a coabitação entre as duas principais insígnias da Cães de Pedra, a Lions e a Decénio?
Muito Bem. São marcas com conceitos diferentes e ambas com muito caminho pela frente.

A grande novidade dos últimos dias é a colecção Decénio by Alexandra Moura. É uma estratégia one shot ou pretende-se que tenha continuidade?
Vamos ver como corre esta. Estamos muito otimistas e contentes sendo nossa intenção fazer outras parcerias, mas analisaremos primeiro esta para ver se é necessário corrigir alguma coisa.

Para quem anda neste mundo há muitos anos como o Rui, como acha que tem evoluído a percepção internacional da imagem da moda feita em Portugal?
É uma alegria muito grande verificar que há 25 anos atrás os clientes vinham a Portugal apenas com a expectativa de preço baixo, sem valorizar a qualidade e o que muitas vezes se fazia de bem. Nessa altura a nossa indústria não tinha marcas e ainda hoje andamos atrás do prejuízo. Felizmente as coisas foram mudando e hoje os clientes valorizam o made in Portugal. Somos muitos criativos e versáteis em dar aos clientes várias soluções que necessitam e temos algumas marcas que começam a ter uma reputação internacional interessante, o que ajuda largamente a valorizar o setor.

A Lion of Porches esteve agora na Who’s Next Paris e na Momad Madrid. As feiras continuam a ser importantes para o mercado actual?
Sim, apesar de ano para ano se notar alguma fraqueza neste modelo de negócio. Ainda é o principal meio de dar visibilidade às marcas, mas penso que, como toda a indústria têxtil, necessitamos de estar atentos aos próximos tempos e não adormecer.

Perfil

Rui Maia, 57 anos, Internacional Sales Manager do Grupo Cães de Pedra (Decenio e Lions of Porches), quatro filhos, três de uma só vez (trigémeos). Nasceu no Berço (Guimarães), onde mora, e gosta também de desafios permanentes e da insatisfação que alimenta a motivação. Por isso, e apesar de uma longa e preenchida carreira nos têxteis/moda – In Wear, C&A, Confeções Bercel –, gosta de citar o pai e dizer que ainda não sabe nada da vida.

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