Botões que têm muito para contar

“A ideia surgiu-me quando vi uma aplicação que era usada numa lavandaria para gerir os movimentos das roupas. Na altura usavam um bocado de plástico com a tecnologia integrada, e eu apercebi-me que aquilo já poderia estar nos próprios botões, não era preciso nenhuma peça extra”, conta Paulo Neves, responsável pela Elite, um negócio familiar criado há 47 anos, em Ribeirão, Famalicão, e que actualmente emprega 5 pessoas.

O segredo dos Botões Elite 4.0 está num chip integrado com a tecnologia Near Field Communication (NFC) – a mesma que é utilizada nos cartões bancários contactless ou nas chaves de hotel. “Esta solução tem uma grande vantagem, já que não requer um leitor específico. Qualquer smartphone, com uma aplicação gratuita, pode ter acesso à informação que está inserida no botão”, explica o empresário.

Com o conceito já maturado, Paulo percebeu que havia ali uma janela de oportunidade. “Aqui em Portugal nunca ninguém me falou nisto. Em Itália, encontrei uma empresa que oferece o mesmo produto, mas com um serviço de gestão de dados, o que exige aos clientes que forneçam as suas informações. Não é isso que nós queremos fazer”, clarifica.

Em sentido oposto, a Elite quer apenas fornecer os botões para que os clientes depois adaptem o software às suas necessidades. O chip poderá ser utilizado tanto para a gestão de stocks dentro da empresa – com um número de série único, é capaz de registar todos movimentos de cada peça – como por uma marca para comunicar com o público, inserindo informações dentro do botão. Nesta área pode vir a substituir, de uma forma mais ecológica, as muitas etiquetas que algumas empresas colocam nas peças com informações comerciais.

“A tecnologia tem muito potencial para efeitos de marketing, porque a informação pode ser alterada e atualizada depois da peça vendida. Como o botão apenas tem o link, a página de destino pode ser mudada as vezes que entendermos”, esclarece o responsável pela empresa.

No MODtissimo, o projecto atraiu as atenções do público e impressionou o júri dos iTechStyle Awards, que o nomeou na categoria de Melhor Acessório. Mas para além disso, Paulo Neves nota que o projecto tem deixado os seus clientes cada vez mais curiosos: “Depois de mostrar isto às pessoas, muitas vezes voltam-me a ligar para que explique de novo. Os clientes percebem que é algo novo e interessante, ficam a pensar no assunto, e depois querem conhecer todas as potencialidades”.

Com a tecnologia já aperfeiçoada, a Elite consegue aplica-la em qualquer botão com um mínimo de 10 milímetros de diâmetro. Agora o próximo objectivo é levar o projecto às grandes marcas de moda. “Este produto é interessante sobretudo para quem trabalha com o público”, afirma o responsável pela empresa, que tem já o conceito a ser estudado pelos alunos de Marketing do MBA Executivo, da Católica Porto Business School.