11 março 19
Inovação

Cláudia Azevedo Lopes

UMinho cria camisola que previne e trata lesões

Uma camisola inteligente que ajuda na prevenção e tratamento de lesões musculares? Pode parecer ficção científica mas não: é a nova proposta do 2C2T, o Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil da Universidade do Minho, desenvolvida no âmbito do projeto Deus Ex Machina.

Com um sistema de eletrocardiograma e eletromiografia – um método de diagnóstico que avalia problemas nervosos ou musculares – integrados no têxtil, esta camisola fornece, em tempo real, dados acerca da condição física e muscular do utilizador, o que ajuda a detetar lesões – mesmo aquelas que possam existir não diagnosticadas – e proporcionar uma intervenção célere e adequada, num cenário onde a deteção precoce é meio caminho andado para uma recuperação total.

“Os sinais electromiográficos permitem-nos avaliar o esforço que está a ser feito nos vários músculos e com isso fazer uma comparação entre eles, verificar se há algum desequilíbrio e determinar fadiga. Logo, é uma ferramenta que nos permite monitorizar mais objetivamente o exercício, seja ele de desporto ou fisioterapia. Permite-nos também analisar ao longo do tempo como é que os músculos evoluem”, revela ao T Helder Carvalho, professor da UMinho, que juntamente com Fernando Ferreira e André P. Catarino, professores da mesma instituição, Octavian Postolache, Professor do Institute of Telecommunications, Gabriela Postolache, Professora Universidade Atlântica e o bolseiro André Luís Brasil Paiva constituíram a equipa que levou este projeto a bom porto.

Pensada principalmente para atletas, podendo assistir tanto nos treinos de esforço, de forma preventiva, como na reabilitação durante lesões, esta camisola pode também ser utilizada fora do ambiente desportivo, para auxiliar médicos durante um diagnóstico.

É composta por duas camadas de tecido: uma exterior, totalmente preta, feita em poliamida e elastano e com a aparência de uma qualquer roupa desportiva; e uma interior, feita totalmente em poliamida prateada e que contém os elétrodos e as conexões.

São ao todo quatro ECG, dois nas axilas e dois na linha da cintura, e vários EMG, nos bicípites braquiais e músculos dos antebraços, inseridos nesta camisola sem costuras laterais (para maior conforto).

“O que é necessário são superfícies condutoras elétricas, as mesmas presentes nos elétrodos convencionais de gel, aqueles que se colam ao corpo quando vamos fazer um eletrocardiograma, por exemplo. Só que em vez de utilizarmos os elétrodos convencionais, estes vão integrados na própria camisola. Como? Com fios condutores têxteis integrados, através de técnicas de tricotagem (foto), no próprio tecido da camisola. As empresas alemãs Imbut e Statex foram as nossas fornecedoras de tecido e fio para este projeto”, explica Helder Carvalho.

Financiado pelo FEDER através do NORTE 2020, o projeto Deus Ex Machina aborda várias áreas de investigação e desenvolvimento e conta com parceiros de várias universidades. À UMinho coube a tarefa de desenvolver a medição de sinais biométricos para monitorização humana.

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