19 Julho 2017
Exportações

Jorge Fiel

Todos diferentes, todos têxteis, todos com sucesso

A TMG Automotive ganhou o concurso para o fornecimento do novo modelo que a Mercedes vai começar a fabricar em 2019 e que estará em produção até 2026.

Se Isabel Furtado, CEO da TMG Automotive, tem encomendas para 2026, já Conceição Dias não sabe o que vai fazer no mês que vem – ou melhor, em Agosto e Setembro, sabe, corrigiu logo, mas para Outubro não faz a mínima. “Vou estar de férias e ter os clientes a telefonaram-me a pedir orçamentos e preços. É sempre assim…”, desabafou a fundadora do grupo Sonix/Dias Têxtil.

Artur Soutinho, CEO da MoreTextile, está entre estado permanente de frenesim de Conceição e a calma planificação de Isabel. O seu  lead time anda entre os nove meses e um ano. Por isso ainda não conseguiu tirar uma conclusão definitiva sobre o impacto que terão nas nossas exportações de têxteis-lar para os Estados Unidos a política protecionista anunciada nos tweets de Trump.

Os EUA valem 15% do volume de negócios da Moretextile e são um mercado bom, em que o valor médio da peça exportada é o dobro das que são vendidas para a Europa e resto do mundo. Motivos suficientes para Artur Soutinho estar preocupado por, na última visita a Nova Iorque, ter deparado com muitas lojas fechadas em zonas nobres de Manhattan, e com a queda na venda de viaturas, um indicador avançado que prenuncia nuvens negras no horizonte para a economia norte-americana.

Isabel Furtado, Conceição Dias e Artur Soutinho foram o elenco de luxo do workshop com o tema Os têxteis portugueses pelo Mundo, promovido pela ATP esta terça-feira dia 18, no CITEVE, e que faz parte de um programa mais vasto desenvolvido em parceira com a Magellan, que tem como um dos seus principais objetivos o reforço o lóbi e da defesa dos interesses da ITV portuguesa junto da União Europeia.

Isabel, Conceição e Artur  – todos diferentes, todos têxteis, todos com sucesso – foram ainda testemunhos vivos não só da diversidade (de subsetores e percursos) mas também da vitalidade de uma indústria a que muitos, num passado não muito longínquo, se apressaram a passar a certidão de óbito – estavam redondamente enganados e deram razão a Paul Valery, quando ele nos avisou que tentar adivinhar o futuro equivalia a desafiar Deus :-). 

O workshop, que contou com uma presença especial (a do ex-ministro Mira Amaral, pai do Pedip) e uma sobremesa musical (a cantora Helena Kendall proporcionou uma excelente banda sonora ao cocktail final) iniciou-se com as boas vindas de Paulo Vaz (diretor-geral da ATP) que explicou as razões do cocktail ser indoor (“No Norte tudo é fiável, com exceção do tempo), ao contrário do que estava inicialmente previsto, e prosseguiu com a apresentação por Filipe Botelho Ribeiro (Magellan) de estudos de mercado sobre cinco países (Croácia, Hungria, Polónia, República Checa e Roménia).

Antes do debate com os CEO da TMG Automotive, Sonix e MoreTextile, Diogo Lacerda, do Millennium BCP, apresentou o perfil atual do banco, das exportações portuguesas e de como o seu banco instituição pode ajudar as nossas vendas para os mercados externos a continuarem a crescer – depois de nos últimos seis anos o seu peso no PIB ter saltado de 27% para 41%.     

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