28 Abril 2017
Investigação

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Têxteis técnicos equipam militares do futuro

A utilização de têxteis técnicos nos equipamentos de protecção individual dos militares e das forças de segurança é um dos desafios que tem pela frente diversos centros de investigação, entre os quais a Universidade do Minho, e empresas portuguesas, como a LMA ou a Latino Group.

Raul Fangueiro, professor na Universidade do Minho e coordenador da Fibrenamics, dá o exemplo recente de uma sessão ocorrida nesta instituição de ensino em que um militar da NATO que pesava cerca de 70 quilos com o equipamento normal ultrapassava a centena de quilos depois de lhe serem colocados todos os apetrechos de protecção individual.

A descrição deste caso serve apenas para exemplificar a dificuldade do desafio dos 10 parceiros do projecto AuxDefense (Universidade do Minho, TecMinho, Fibrenamics, Força Aérea, Exército, Fibrauto, IDT Consulting, Latino Group, LMA e Sciencentris) que é financiado pelo Ministério da Defesa Nacional.

O objetivo é o “desenvolvimento de equipamentos de proteção individual avançados com elevada resistência ao impacto, corte e perfuração e de componentes de equipamentos militares (compósitos) com excelente resistência ao impacto”, explicam os promotores.

“Deste projeto espera-se a criação de produtos inovadores, incluindo coletes e capacetes balísticos e fardamento de combate, incluindo joelheiras e cotoveleiras, recorrendo a estruturas com comportamento auxético”, acrescentam.

“Com o AuxDefense pretende-se desenvolver produtos inovadores de elevado desempenho em termos de proteção mecânica (impacto, corte e perfuração), tendo como base o conceito da biomimética e estruturas auxéticas avançadas, para utilização por militares dos diferentes ramos das Forças Armadas”.

Na página electrónica dedicada a esta investigação, esclarece-se que “o projeto pretende utilizar o conhecimento gerado na Universidade do Minho, ao longo dos últimos anos, em estruturas/materiais auxéticos com base em fibras, no desenvolvimento de peças de vestuário e componentes de equipamentos militares com desempenho melhorado no que se refere à capacidade de absorção de cargas de impacto (explosões, balística, etc.), corte e perfuração, no sentido de proteger, de forma mais eficaz, os militares em teatro de operação”.

“Tendo em conta as necessidades de conforto, os produtos a desenvolver apresentar-se-ão mais leves que os existentes, por via da utilização de arquiteturas e materiais fibrosos mais adequados (fibras de polietileno de elevado desempenho, por exemplo). Por outro lado, nos produtos a desenvolver, para além das questões ergonómicas, serão utilizados outros materiais funcionais (termorreguladores, gestores humidade, etc.) de forma a garantir o conforto na sua utilização”, dizem ainda.

Ao nível do vestuário de proteção pretende-se incorporar estruturas fibrosas auxéticas de proteção ao corte, perfuração e impacto em vestuário militar de combate, incluindo colete balístico.

Ao nível da combinação das estruturas auxéticas com matrizes poliméricas (termoplástica e termoendurecíveis), pretende-se atuar no desenvolvimento de capacetes balísticos e joelheiras/cotoveleiras para incorporação no vestuário militar das forças armadas. Pretende-se que a tecnologia aplicada nestes produtos os torne mais leves, mais confortáveis e mais eficazes que os atuais.

Outro dos aspectos do projeto é que “para além da criação de todo o conhecimento inovador associado à temática em questão”, também “se prevê a transferência deste conhecimento da entidade de investigação para as empresas envolvidas no projeto, com o objetivo de os industrializar e garantir a sua comercialização”. Este, dizem, assume-se como um dos objetivos principais do projeto. Mas, sublinham, “o conhecimento gerado, será ainda alvo de proteção, via modelos de utilidade/patente, permitindo realizar uma gestão da propriedade intelectual por parte do consórcio, que poderá trazer benefícios acrescentados num futuro próximo, através da possibilidade de comercialização para mercados externos”.

Para o desenvolvimento do projeto AuxDefense está a recorrer-se à utilização de três tecnologias inovadoras: as estruturas fibrosas avançadas, os materiais compósitos inteligentes e a nanotecnologia.

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