21 janeiro 19
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Sustentabilidade em destaque na imprensa internacional

A sustentabilidade dos têxteis e da moda nacional e o seu engajamento com a defesa de uma indústria menos poluente volta a estar em destaque na imprensa internacional. Desta vez no Brussels Express, que refere o CITEVE, o CeNTI e os casos das empresas Tintex e A. Sampaio & Filhos.

Pela ‘pena’ de Rosetti Rivera, a publicação enfatiza que “a indústria da moda é uma das maiores poluidoras industriais do mundo”, respondendo por “8% das emissões globais de gases com efeito estufa: só a indústria têxtil da União gera resíduos estimados em 16 milhões de toneladas por ano”. É também, por outro lado, “uma das indústrias mais intensivas do mundo em termos de recursos”, nomeadamente no que tem a ver com o consumo de água.

É nesta envolvente, destaca o Brussels Express, que “na Europa, a indústria têxtil e de vestuário portuguesa tem sido uma das pioneiras no campo da moda sustentável”, isolando cinco exemplos concretos do que de mais inovador está a fazer a têxtil nacional.

O uso de matéria orgânica retirada do mar e de plásticos que ali foram parar para a produção de tecidos é o primeiro exemplo descrito. “Dantes, usávamos materiais da terra para reciclagem. Mas agora estamos a usar mais materiais do oceano. Estamos a criar mais tecidos a partir de algas marinhas e a desenvolver couro de pele de peixe”, diz Ana Silva, que lidera o departamento de sustentabilidade da Tintex Textiles.

Por outro lado, com o contributo de pescadores contratados por fabricantes de têxteis para recolher resíduos do mar, “esses materiais podem ser reciclados sem perder as suas propriedades e voltar a ser usados pela indústria, diz Miguel Mendes, da A. Sampaio & Filhos, uma empresa líder no mercado de tecidos de malha.

A reciclagem de têxteis que chegaram ao fim da vida mas, depois de recolhidos, a ela voltam, é também destacada pelo jornal belga. Adiantando que “até 13 milhões de toneladas de roupa são atiradas para aterros todos os anos”, Miguel Mendes recorda as iniciativas cada vez mais numerosas para incentivar a devolver as roupas compradas às lojas em troca de descontos em novas compras.

A nanotecnologia é outra das áreas em destaque. “A nanotecnologia é uma solução, mas deve ser uma solução responsável. As indústrias devem ter cuidado ao usar essa tecnologia para garantir que não haja riscos para a saúde pública ou ao meio ambiente ”, diz Antonio Braz Costa, diretor do Centro Tecnológico para Indústrias Têxteis e de Vestuário de Portugal (CITEVE) e ligado ao Centro de Nanotecnologia e Materiais Inteligentes (CeNTI ).

Mais transparência na cadeia de fornecimento é outra das caraterísticas a desenvolver, como forma de combater o primado do lucro em detrimento da sustentabilidade e da economia de integração. “Estamos à procura de mais transparência: os clientes saberão o quanto estamos a comprar e onde. A maioria das empresas não consegue responder a essas perguntas”, diz Ana Silva.

A exploração de fontes naturais para processos de tingimento e acabamento – que requer grandes quantidades de água e produtos químicos tóxicos – é outro dos caminhos. “Nos últimos anos, a moda sustentável desenvolveu-se e é mais do que apenas uma tendência: já está incorporada no sistema”, diz Ana Silva. Mas Miguel Mendes enfatiza que ainda há um caminho a percorrer: “os designers de hoje devem considerar a sustentabilidade dos materiais; a sustentabilidade deve fazer parte de seu design”, conclui.

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