22 Junho 2017
Fibras naturais

Raposo Antunes

Smart Bed da Lasa vence Natural Fibrenamics Green Awards 2017

A Smart Bed da Lasa venceu os Natural Fibrenamics Green Awards de 2017, prémio inserido na 3.ª Conferência Internacional sobre Fibras Naturais que é organizado pelo Fibrenamics, da Universidade do Minho e que decorre até amanhã em Braga.

A Lasa apresentou a concurso um pequeno berço em que os lençóis eram feitos com fibras de algodão, dispondo da capacidade de sensorizar os líquidos que caíssem sobre eles.

De uma forma mais prática, poder-se-à  dizer que a situação-tipo é os pais de um bebé serem alertados através de uma aplicação informática, que pode estar em qualquer aparelho electrónico (por exemplo, o telemóvel), do chichi do seu bebé e não só.

Este era o exemplo que surgia no concurso. Mas é claro que essa possibilidade de sensorização de líquidos que se vertem nos lençóis feitos com essas fibras de algodão pode ter múltiplas aplicações noutras circunstâncias.

O anúncio do vencedor dos Natural Fibrenamics Green Awards de 2017 foi feito na manhã desta quinta-feira pelo professor Raul Fangueiro, coordenador da Fibrenamics, que promove um encontro que reúne investigadores de todo o mundo na área das fibras naturais.

O prémio, ao qual concorreram 14 projetos, é uma espécie de cereja em cima do bolo desta conferência internacional.

Além da Lasa, participaram no concurso mais três empresas portuguesas do sector têxtil. A Inovafil com o seu fio feito à base de urtigas, e a Mundotêxtil com a toalha de algodão, dois produtos já noticiados pelo T.

A terceira empresa foi a Barcelcom através da sua marca BB Medical que apresentou umas meias para o pé diabético feitas com fibras de bambu. Essas meias não só têm funções anti-bacterianas, como anti-sépticas e anti-odor.

Já lá de fora, uma empresa alemã da cidade de Chemnitiz, a Bast&Faser, trouxe a concurso um tecido celulósico derivado da fibra de linho. Cientificamente era neste caso relevante o processo utilizado pelos alemães para separar a celulose da fibra de linho. A fibra de linho da Bast&Faser pode ser utilizada para fazer fios, fibras e malhas.

A própria Universidade do Minho (UM), a Fibrenamics e um spinoff que surgiu da UM tinham três projectos a concurso.

A UM desenvolveu um protótipo em que fibras de linho ou de juta tratadas com partículas de prata passavam a ser condutoras de electricidade, o que permite uma monitorização dos produtos (malhas, fios) que utilizem este material.

A Fibrenamics apresentou um protótipo na área da nanocelulose que reforça a durabilidade e resistência do betão.

A Sciencentis (a spinoff que surgiu da UM) apresentou um projecto também de fibras naturais que passavam de material passivo a activo só através da sua manipulação.

A Universidade dos Açores apresentou um exemplo prático de como é possível aproveitar uma praga de plantas invasoras para fazer produtos do dia-a-dia. A praga chama-se conteira e é uma planta que está a invadir o arquipélago. A partir de fibras extraídas dessa planta invasora os investigadores desta universidade fazem tabuleiros, copos, vasos e outros pratos.

O egipcío Awwad Et Al trouxe um protótipo feito a partir de fibras de cânhamo que possibilita o reforço das paredes de alvenaria.

Cláudia Echeverria, investigadora australiana, utilizou resíduos de fibras têxteis e madeira para desenvolver placas de isolamento térmico e acústico.

Um austríaco com origem egipcía (Arujunai Rai Mahendran) apresentou a concurso um dos trabalhos mais curiosos: pás eólicas feitas a partir de fibras de cânhamo. São muito mais leves, resistentes e amigas do ambiente do que aquelas que vemos girar no cimo das nossas montanhas.

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