3 Julho 2017
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Savoir faire do têxtil português contado aos franceses

É uma espécie de epifania do têxtil português, que é levada aos franceses na última edição o Journal  du Textile. E para um país que bem conhece a história de Fátima – têm Lourdes, que é complementar – nada melhor do que explicar que para chegar aos patamares de tecnologia, inovação, qualidade e design que atraem hoje as atenções de todo o mundo, a ITV portuguesa teve também que saber preservar um triplo segredo para ver o milagre da salvação.

“L’industrie textile portugaise a pris son evol”, que é como quem diz que a indústria têxtil portuguesa levantou voo, é o título do texto de página inteira onde se explica que o que o segredo já é, afinal, bem conhecido, e produtores gaulesas como o Atelier des Créateurs e Olow, ou prestigiadas marcas como Lacoste, Louis Vuitton, Chanel, Calvin Klein, Ralph Lauren ou Tommy Hilfiger, há muito o descobriram. Todos “estão carecas de saber que Portugal é o destino certo quando se trata de encontrar alta qualidade a preços razoáveis e entregue a tempo e horas”, conclui o texto.

“O segredo é que a duas horas de voo de Paris, nos vales dos rios Ave e Cávado, no Norte de Portugal, bate o coração de um cluster têxtil que sobreviveu e prospera porque soube combinar artesanato e tradição com indústria e tecnologia, design e criatividade”.

O segredo é também “a conveniência”: Num raio de 30 km com centro em Famalicão – “a 20 minutos do centro do Porto e de Leixões, unanimemente considerado o mais eficiente de todos os portos portugueses” – está uma região que concentra 80% da oferta industrial têxtil, “onde se pode comprar tudo – desde têxteis lar até roupa interior, passando por sportswear, casacos, camisas, tecidos, não esquecendo acessórios ou sapatos”.

Por último, “o terceiro segredo da indústria têxtil portuguesa consiste no milagre de ter conseguido chegar viva e de saúde à segunda década do séc. XXI, apesar diversos economistas e instituições lhe terem administrado a extrema-unção e vários governos lhe terem passado a certidão de óbito”.

Um caminho que, explica o texto no semanário francês, foi bem sucedido porque “a têxtil portuguesa percebeu à primeira que estava errada a política dos Governos de Lisboa (…) que decretavam o fim das industriais tradicionais” e “sabia que a solução e o futuro passavam por acrescentar tecnologia ao que sabia fazer melhor que ninguém”.

Foi com os olhos postos nas exportações, a força do seu savoir faire uma aposta decisiva na tecnologia, que o sector trilhou “os caminhos da salvação”: “Uns puseram as fichas na marca própria, outros no private label ou nos têxteis técnicos. Mas todos apostaram em máquinas mais modernas, que produzem com menos custos e mais flexibilidade, na formação de recursos humanos e no design. Em resumo, no casamento entre saber artesanal e tecnologia”.

A conclusão é de que que a têxtil portuguesa escapou a uma tentativa de assassinato. Está viva e dinâmica  e “orgulhosa por ter antecipado em 2016 o seu recorde de exportações (mais de cinco mil milhões de euros) previsto para 2020 – e convencida de que chegou a hora de faire savoir a toda a a gente o seu imenso savoir faire”.

Coisa que, afinal, já nem será preciso, uma vez que o segredo não estará assim tão bem guardado.

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