16 Outubro 18
Famalicão Circular

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Riopele, o luminoso exemplo de economia verde

Nasceu associada à cor verde em 1927 e contínua verde ao apostar nos princípios da sustentabilidade e economia circular. A Riopele, um dos gigantes da têxtil portuguesa, foi escolhida como emblema do encontro Famalicão Circular – novas fronteiras para a indústria.

Focada em três temas basilares: o têxtil; a água; e os novos modelos de negócio e novos empregos, a conferência, que decorre ao longo desta terça-feira, abriu com a britânica Anne Prahl, estilista e consultora para design circular associada a marcas como Nike, Elesse, Marks  & Spencer, Speedo ou Puma.

A par das estratégias para rentabilização de stocks obsoletos, Anne Prahl falou também de design circular e apontou exemplos de inovação com tecidos produzidos a partir de peles de uvas, frutos ou vegetais, do design para a durabilidade e da importância dos produtores de moda estabelecerem ou privilegiarem as ligações com parceiros zero desperdício.

Princípios que, como logo se viu, fazem parte da vida e da história da Riopele. Uma história de inovação e vanguarda, “que até nasceu em 1927 associada à cor verde”, como ironizou Albertina Reis no início da apresentação (foto).

A responsável da empresa pelas áreas de inovação destacou os muitos produtos criados e patenteados pela empresa ao longo de quase um século de actividade, destacando a estreita cooperação com centros tecnológicos e universidades.

Citou os recentes projectos Nano Smart e R4Textiles, que em colaboração com o CITEVE, CeNTI e Universidade Católica permitiram o desenvolvimento de novos têxteis. Como exemplos os Çeramica Cleen – respiráveis, capazes de absorver energia estática, e com acabamentos respiráveis e que repelem nódoas – ou o recente Tenowa, um têxtil sustentável produzido com base no aproveitamento de resíduos alimentares e que já está em comercialização.

“Continuamos a estudar e a desenvolver o produto”, disse Albertina Reis, adiantando que mesmo assim este ano deve representar já um volume de negócio de meio milhão de euros, mas que o objectivo é que represente 7% da facturação da Riopele em 2022.

Requisitado já por fabricantes de todo o mundo, o Tenowa foi já também premiado como Produto Inovação da COTEC e também na última edição do iTechStyle Awards.

Mas além da inovação, a Riopele sustenta também a bandeira do ambiente e sustentabilidade. Isabel Domingues explicou que dos 3 mil metros cúbicos de água que a empresa consome diariamente apenas 2% provêm da rede pública. Proeza que é conseguida através da optimização da cadeia, da recuperação de efluentes, do cuidado e controle com as 27 captações próprias. E até com a recuperação de águas pluviais, que respondem a 3% do consumo.

Quanto à energia – que representa um custo que corresponde a 8% do volume de negócios da empresa – há o recurso a fontes de co-geração, com aproveitamento de energia térmica, racionalização de custos e um sistema de controlo – permite poupanças que chegam a 70% no ar condicionado – e está a entrar em funcionamento uma central fotovoltaica que vais fornecer 12% das necessidades de uma das unidades de fiação. Para esta área está também programado um investimento de 10 milhões de euros, já em 2019.

Promovida pelo município que exibe o título de Cidade Têxtil, a conferência destina-se debater e contextualizar o novo conceito de economia circular e envolver as empresas e agentes económicos nessa abordagem. “Normalmente estas são matérias que não estão na agenda dos municípios, mas se fazem parte da vida das empresas e do tecido social, então têm que estar na agenda da câmara”, justificou o presidente, Paulo Cunha, na abertura dos trabalhos.

O autarca alertou também para a nova era tecnológica e os desafios que se colocam com o novo conceito e vincou que “é obrigação do município dar contributos úteis e apoiar as empresas na abordagem destas matérias”. Para Paulo Cunha, “este é um tempo novo no qual a palavra partilha deve fazer também parte do léxico das empresas”. E lançou até o desafio para que “nesta nova era os conceitos de partilha, networking e cooperação façam também parte da alma do negócio, tal como o segredo foi fundamental noutros tempos”.

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