28 julho 17
Valor acrescentado

Jorge Fiel

Produtos técnicos vão pesar 80% nas vendas do Grupo Falcão

Elevar para 80% o peso nas vendas dos produtos técnicos de alto valor acrescentado é a meta fixada para 2020 por António Falcão, o líder do grupo homónimo que produz fios e collants na Fitexar e TAF.

Em 2016, ano em que facturou 13 milhões, os produtos técnicos pesavam cerca de 25% no volume de negócios. Mas o grupo de Barcelos está seriamente empenhado em crescer subindo na escala de valor e por isso impôs-se o objetivo ambicioso de vender 20 milhões de euros em 2020.

“A nossa estratégia de crescimento não assenta no aumento da capacidade instalada, mas sim no investimentos em tecnologia que nos permita desenvolver produtos cada vez mais técnicos e inteligentes”, explica António Falcão, 62 anos, licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra e com estágio de advocacia feito num escritório do Porto.

O empresário sabe que segue na direção certa mas não desconhece que há perigos no caminho, pois o desenvolvimento de novos produtos implica investimentos significativos sem garantia de retorno.

“Fomos os primeiros em Portugal a fazer fios reciclados usando como matéria prima desperdícios de plástico. Nestes tempos em que está na moda ser sustentável e amigo do ambiente, o fio reciclado é aparentemente um produto vencedor. O problema é que custa o dobro..”, explica.

O desenvolvimento de um novo produto tem muitos custos associados – testes, ensaios, amostras para clientes, satisfazer as pequenas encomendas iniciais.. – e o resultado final deste esforço é sempre uma incógnita.  No final do dia, uns têm procura, mas outros não. Um risco que não desmobiliza Falcão da busca incessante de produtos inovadores com mais valor acrescentado.

“Demora sempre algum tempo até começar a haver procura que dê retorno ao investimento”, reconhece o empresário, que mesmo no escuro não desiste de pôr as fichas todas no verde e no novo. 

Novos produtos significa também novas máquinas. Este ano, o grupo Falcão investiu 500 mil euros em equipamentos para fazer produtos com novas aplicações técnicas. Apesar disso, o investimento não foi considerado elegível para financiamento no âmbito do Portugal 2020.

“Foi com muita mágoa que recebi a notícia de que o projeto tinha sido chumbado. A minha razão não é aumentar a capacidade mas acrescentar valor. Mas não é por isso que vou desistir de investir e de fazer o que tem de ser feito”, conclui Falcão.

Partilhar