16 abril 18
Exportações

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Portugal é um farol de ideias para a têxtil argentina

A seguir ao 25 de abril, todo o mundo estava com os olhos postos no nosso país, como o documenta magistralmente a ilustração de João Abel Manta em que uma plateia de vultos – de Marx a Gandhi passando por Sartre e Che Guevara – se interrogam perante um mapa de Portugal. Agora, toda a gente tem os os olhos postos em nós para aprender com o milagre da ressurreição da ITV portuguesa.   

“Portugal é um país desenvolvido com uma densa e articulada cadeira de valor no vestuário. Temos de analisar as similitudes e diferenças com a Argentina para podermos aprender com este caso de sucesso”, afirmou Gustavo Ludmer, professor de Macroeconomia na Universidade de Buenos Aires, na conferência sobre o “Caso Portugal” que abriu as 1ª Jornadas de Actualización en Procesos  Productivos de Indumentaria Textil, realizadas na última sexta feira, na capital argentina.

Responsáveis do Centro Textiles del Instituto de Tecnologia Industrial (o organismo do Estado argentino dedicado à inovação tecnológica no setor) e da Câmara da Indumentaria contavam-se entre as mais de 100 pessoas que lotaram o auditório 2 do Centro Costa Salguero, em Buenos Aires, onde decorria o último dia da Emitex, feira que contou com a presença de um quarteto de expositores portugueses –  Lemar , Lipaco, Ribera e CITEVE (que apresentou um show case com o best of do que no nosso pais se faz em têxteis técnicos).

Investigador do setor têxtil e de vestuário e diretor executivo do Capitulo de Buenos Aires da Sociedad Internacional para el Desarollo, Gustavo Ludmer usou o exemplo de Portugal para apontar o futuro radioso que antecipa para a ITV (“vai acontecer com os têxteis o que aconteceu no passado com os plásticos, vão estar em todo o lado”) e demonstrar que não existe qualquer incompatibilidade (muito antes pelo contrário …) entre ser um país desenvolvido e a têxtil ter um grande peso na economia – em Portugal vale 17,6% do valor acrescentado total da industria, contra apenas 6% na Argentina.

A apresentação de Gustavo, que pode ver aqui na integra, foi uma surpresa completa para os responsáveis da ITV portuguesa – quer os presentes em Buenos Aires (casos de Braz Costa, diretor geral do CITEVE, e Manuel Serrão, diretor executivo da Selectiva Moda) quer os ausentes, caso de Paulo Vaz, diretor geral da ATP e o grande evangelizador do Caso Portugal – , bem como do embaixador de Portugal, João Ribeiro de Almeida, e do conselheiro do AICEP, Rui Lourenço Pereira, na capital argentina.     

No final da conferência, Gustavo Ludmer foi rodeado pelos portugueses que assistiram à sua conferência. Braz Costa não poupou nos elogios à apresentação, fazendo apenas dois reparos:  que nalguns casos o time to market das empresas têxteis portuguesas chega às duas a três semanas (o jovem economista argentino referiu um tempo de resposta média de cinco semanas); e que a Inditex já não desembarca nas fábricas portuguesas com os desenhos na mão, critica que Gustavo aceitou de imediato. Rui Lourenço Pereira trocou cartões de visita com ele. E Manuel Serrão convidou-o a estar no Porto, a 27 e 28 de setembro, para visitar a próxima edição do Modtissimo.

O regresso da têxtil portuguesa à Argentina fechou com chave de ouro, prenúncio do que pode ser o início de uma bela amizade, pois já há os dois parceiros indispensáveis para se dançar tango.

A Argentina está a abrir-se, por iniciativa do presidente Mauricio Macri, um antigo presidente do Boca Juniores. O nosso embaixador em Buenos Aires é um ativo militante da causa da diplomacia económica – e um fã confesso da ITV. E até a TAP está pronta a dar uma ajuda. Ao mesmo tempo que Gustavo incitava os seus compatriotas a seguir o exemplo da ITV portuguesa, o presidente da companhia aérea portuguesa estava na capital argentina a ultimar as negociações para a abertura de um voo directo de Lisboa para Buenos Aires.   

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